Os números refletem a ameaça persistente que a biodiversidade enfrenta nos países da região Andino-Amazônica
(Foto: Divulgação)
A cada semestre, a Wildlife Conservation Society (WCS) consolida um relatório regional sobre os avanços significativos nas apreensões de espécimes oriundos do comércio e tráfico ilegal de vida silvestre. O levantamento e a análise dos dados são feitos a partir de notícias em veículos de comunicação e redes sociais de autoridades ambientais e outros órgãos governamentais responsáveis pela proteção da biodiversidade na Colômbia, Equador, Peru, Bolívia e Brasil (estados do Acre e Amazonas).
O registro de notícias sobre as observações realizadas entre janeiro e junho de 2023 permitiu identificar que os exemplares apreendidos correspondem a 237 espécies pertencentes a grupos como mamíferos (40,51%); aves (39,24%); répteis (14,77%); anfíbios (1,27%); peixes e outras espécies não identificadas (4,22%). Do total de espécimes apreendidos, 8.037 eram indivíduos vivos, possivelmente destinados ao mercado de pets, coleções particulares ou ao consumo humano.
Entre as espécies que foram encontradas com maior frequência nas apreensões do período monitorado estão a jiboia (Boa constrictor), o jacaré-do-pantanal (Caiman yacare), a arara-canindé (Ara ararauna) e o macaco-prego (Sapajus apella), que estão listadas no Apêndice II da Convenção sobre Comércio Internacional das Espécies da Flora e Fauna Silvestres em Perigo de Extinção (Cites), o que significa que não estão necessariamente ameaçados de extinção; no entanto, poderão tornar-se assim, a menos que o seu comércio internacional seja estritamente controlado. Além disso, foram encontradas com regularidade em apreensões animais da espécie preguiças-bentinho (Bradypus variegatus, não listada na Cites).
As informações completas deste relatório podem ser encontradas em um infográfico que pode ser baixado aqui.
Apesar dos esforços das autoridades de controle, estes dados demonstram a continuidade do comércio ilegal de vida silvestre na região, sendo importante notar que possivelmente são apenas uma fração do que realmente acontece, devido à dificuldade de identificar o crime.
Esta prática criminosa não só põe em perigo a continuidade das espécies, mas também constitui uma ameaça à saúde pública devido à possível propagação de doenças aos seres humanos. O Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) indicou que os crimes contra a vida silvestre também podem comprometer a segurança individual e das nações, pois estão ligados a redes criminosas envolvidas em outros crimes, como tráfico de drogas, seres humanos, armas, lavagem de dinheiro e corrupção. Por todas estas razões, a comunidade é incentivada a proteger a fauna silvestre, o seu ambiente natural e a participar em iniciativas de conservação.