ESTIAGEM SEVERA

Na seca recorde deste ano, rio Negro desceu 15,59 metros

Em sete dias, desde que parou de descer, as águas subiram 44 centímetros; mas isso não significa que o processo de vazante encerrou e que cheia começou, segundo o SGB

Robson Adriano
cidades@acritica.com
04/11/2023 às 14:16.
Atualizado em 04/11/2023 às 14:54

Seca severa alterou a rotina de milhares de ribeirinhos no Amazonas (Foto: Paulo Bindá)

A vazante do rio Negro durou 132 dias, descendo 15 metros e 59 centímetros – equivalente a um prédio de cinco andares – e entrou para a história como a maior seca registrada no Amazonas em 121 anos de medição, segundo dados divulgados no site do Porto de Manaus, 

A seca começou oficialmente no dia 17 de junho, com 28 metros e 29 centímetros e seguiu ao longo dos meses de julho, agosto, setembro até o dia 27 de outubro, data em que o rio estabilizou na cota de 12 metros e 70 centímetros. 

Em processo de subida, nessa sexta-feira (3) o rio alcançou a marca de 13 metros e 14 centímetros. Em sete dias desde que parou de descer, as águas subiram 44 centímetros. Para efeitos de comparação, no ano de 2010 – quando aconteceu a segunda maior vazante da história do Amazonas – foram 133 dias de descida do rio, iniciado no dia 13 de junho (27,95 metros) e finalizado em 24 de outubro (13,63 metros). 

Naquele ano, o rio Negro secou 14 metros e 32 centímetros e em sete dias após estabilizar subiu 38 centímetros. 

No comparativo, em 2023 o rio secou 1 metro e 27 centímetros a mais do que em 2010. Nos últimos dias, o rio Negro apresentou subidas inicialmente na ordem de 5 cm, 7 cm e até 8 cm. No registro mais recente foram 6 cm em dois dias. Esses dias em que as águas subiram significativamente podem indicar o fim da vazante e o início da cheia? 

Segundo a pesquisadora em geociências do Serviço Geológico do Brasil – Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (SGB - CPRM), Jussara Cury, ainda não. 

“Essa subida seria o resultado do processo de recuperação do Solimões e Negro, que ocorre há duas semanas. Isso pode indicar o final da vazante na região? Ainda não, essa fase agora seria de estabilidade dos níveis que estão muito baixos e depende da permanência das subidas nas regiões do Alto Solimões e Alto Rio Negro e do retorno do período de chuvas na bacia como todo”, declarou a pesquisadora.

(Foto: Reprodução/ SGB - CPRM)

Dados atualizados

De acordo com o último Boletim de Alerta Hidrológico da Bacia do Amazonas, divulgado pelo CPRM nessa sexta-feira (3), a bacia do rio Solimões em Tabatinga (distante 1.108 quilômetros em linha reta) “ voltou a descer nos últimos dias, uma recessão média diária de 6 cm. Em Itapéua (Coari), o Solimões manteve o processo de subida, mas apresentou certa estabilidade nos registros mais recentes. Em Manacapuru, o Solimões manteve o processo de recuperação, contudo os níveis continuam muito baixos para a época.

Já a bacia do rio Nego, ainda conforme o boletim, “voltou a descer em São Gabriel da Cachoeira, mas continua subindo em Tapuruquara (em Santa Isabel do Rio Negro) e Barcelos. Em Manaus, o rio apresentou certa estabilidade e subiu 17 cm nos últimos quatro dias, mas os níveis continuam muito baixos para a época". As águas estão em processo de estabilidade e a preocupação é mesmo com uma subida nos níveis ocorra o fenômeno conhecido como repiquete, ou seja, o rio desça novamente. 

Até o momento não houve o repiquete no processo de transição de seca para cheia. Cury explica que a recuperação dos rios depende da chuva. “Há estações fluviométricas que na série histórica de dados, pode apresentar o comportamento de subidas e descidas em períodos próximos, isso seria resultado das chuvas na região dos Andes (Cordilheira). Se as bacias que alimentam a região de Manaus não estabilizarem o processo da vazante, esse processo de recuperação dos níveis na região metropolitana pode levar mais tempo”, declarou.

Previsão de chuvas 

O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) no Boletim Meteorologia de número 43 prevê até a próxima segunda-feira (6) pancadas de chuvas com valores maiores que 40 milímetros (mm) no oeste do Amazonas,  onde estão localizados os municípios de Tabatinga, Amaturá, Atalia do Norte, Benjamin Constant, Santo Antônio do Içá, São Paulo de Olivença, Tonantis, Tefé, Alvarães, Carauari, Fonte Boa, Japurá, Juruá, Jutaí, Maraã, Uarini, Eirunepé, Envira, Guajará, Ipixuna e Itamarati.

De acordo com o boletim,  na segunda semana  – 7 a 15 de novembro –  o Inmet prevê acumulados maiores que 60 mm também no oeste do Amazonas e para a região central, onde estão as cidades de Manaus, Autazes, Borba, Careiro da Várzea, Iranduba, Manaquiri, Nova Olinda do Norte, Presidente Figueiredo, Rio Preto do Eva, São Gabriel da Cachoeira, Santa Isabel do Rio Negro, Barcelo, Anori, Coari, Beruri, Codajás, Anamã, Caapiranga, Manacapuru e Novo Airão.

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