BR-319

Presidente do Ibama afirma que desmatamento na BR-319 está sendo monitorado

Rodrigo Agostinho disse ainda que o órgão considera cancelar a licença para reasfaltar o trecho do meio da rodovia, caso haja desmatamento fora de controle

Jefferson Ramos
jeffersonramos@acritica.com
03/07/2023 às 14:59.
Atualizado em 03/07/2023 às 14:59

(Foto: Reprodução)

O presidente do Ibama, ex-deputado federal Rodrigo Agostinho, afirmou ao A CRÍTICA, durante a 1ª Conferência Soberania e Clima, em Brasília, que o Ibama está monitorando o desmatamento na BR-319, que liga o Amazonas ao restante do país através de Rondônia, e caso haja crescimento, o órgão considera cancelar a licença concedida pelo governo do ex-presidente Bolsonaro (PL) para reasfaltar o trecho do meio da rodovia. 

“Se a gente tiver uma situação de desmatamento fora de controle na BR-319 provavelmente essa licença será revista. Caso contrário, vamos conduzir normalmente o processo de licenciamento como é previsto na legislação brasileira. Estamos na fase de aguardar os estudos e ao mesmo tempo estamos monitorando o desmatamento ao longo da rodovia”, disse Agostinho ao A CRÍTICA durante a 1ª Conferência Internacional sobre Soberania e Clima, realizada na Escola Superior de Defesa, na quarta-feira (28/6) da semana passada.

O trecho com 405 km, mais conhecido como “trecho do meio", é o gargalo da BR 319, porque para poder concluí-lo é necessário submeter ao Ibama o estudo de Impacto Ambiental e o Relatório de Impacto Ambiental (EIA/Rima).

Atualmente, a BR 319 é asfaltada até o km 198, após isso só é possível encontrar asfalto na Transamazônica (BR 320). Dos quase 900 quilômetros da BR 319, um pouco mais de 400 quilômetros são transitáveis com alguma camada asfáltica ou com terra e brita.

Em julho do ano passado, ainda na gestão do presidente Jair Bolsonaro (PL), o Ibama concedeu licença prévia para o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) iniciar obras de infraestrutura no trecho do meio.

Sul do Amazonas

Agostinho afirmou que atualmente o sul do Amazonas é uma área em que o desmatamento está em ampla expansão e que a situação preocupa o Ibama, que tem realizado desde o início do governo Lula operações para apreensão de cabeças de gado e embargo de terras públicas invadidas. 

Segundo Rodrigo, apesar de o Pará ainda ser o líder de desmatamento na Região Norte, o estado tem registrado uma queda constante no registro, enquanto que o Amazonas, mesmo não sendo o líder no desmatamento, o desmatamento segue ascendente.

“Hoje uma das áreas que mais preocupa com desmatamento é o sul do Amazonas. É um desmatamento que a gente percebe que está pulando do norte de Rondônia e de Mato Grosso para o sul do Amazonas”, afirmou.

De acordo com ele, o desmatamento feito nessa região do Amazonas é difícil de ser combatido. Porém, Rodrigo Agostinho garantiu que as pessoas que desmataram não irão usar essas terras.

“Estamos determinando a retirada do gado dessas áreas. As pessoas precisam entender que desmatar não compensa mais. O Ibama está sendo muito duro nessa região para tentar frear. O líder do desmatamento é o Pará, mas ele está diminuindo o desmatamento. Mato Grosso tem um desmatamento muito forte, uma boa parte do desmatamento lá é autorizado e o Amazonas é o que mais cresce”, descreveu o cenário.

Em maio a operação do Ibama de combate ao desmatamento no sul de Lábrea resultou no valor total de R$ 47 milhões em multas e no embargo de mais de 7.400 hectares de áreas desmatadas ilegalmente. 

A região é alvo de criminosos que avançam mata a dentro a partir da Ponta do Abunã, em Porto Velho (RO). Foram apreendidas 1.033 cabeças de gado, cerca de 4.400 m³ de madeira serrada, 362 m³ de madeira em tora, cinco motores e duas motosserras, dentre outros equipamentos.

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