Questão ambiental

Programa contra o desmatamento abrange nove municípios do Amazonas

Lançado por Lula, programa prevê investimentos de R$ 730 milhões em 70 municípios considerados prioritários

Emile de Souza
politica@acritica.com
13/04/2024 às 08:43.
Atualizado em 13/04/2024 às 08:43

Rota do desmamento em Humaitá, município do Sul do Amazonas que é cortado pela BR-319, que liga Manaus a Porto Velho (Foto: Michael Dantas/AFP)

Dos 70 municípios incluídos no  Programa União com Municípios pela Redução do Desmatamento e Incêndios Florestais na Amazônia, que prevê investimentos de R$ 730 milhões, nove estão no Amazonas:  Boca do Acre, Lábrea, Canutama, Humaitá, Manicoré, Novo Aripuanã, Apuí, Maués, Itapiranga.

Com previsão de duração de três anos, esses municípios estão entre os que contribuíram com 78% do desmatamento na região Amazônica em 2022. O programa foi  lançado na terça-feira (11)  pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e visa à promoção do desenvolvimento sustentável e o combate ao desmatamento e queimadas. Os recursos virão do Fundo Amazônia (R$ 600 milhões) e do programa Floresta+ (R$ 130 milhões),  do Ministério do Meio Ambiente.

A secretária de Meio Ambiente de Maués, Jane Crespo, que coordena o Fórum de Secretários de Meio Ambiente do Estado do Amazonas, diz que o programa irá abranger diversas áreas  de combate ao desmatamento e suporte à produção rural.

“É um programa dedicado ao combate do desmatamento e de queimadas. Só que é um programa que é muito maior, porque vai trabalhar, inclusive, a extensão rural para produtores, numa segunda fase. É um programa que tem um prazo de três anos. Nesse primeiro momento, a gente vai receber alguns materiais e equipamentos, veículo, internet, alguma coisa nesse sentido. E a ideia é que a gente consiga fazer um monitoramento, auxiliar os outros órgãos a fazer um monitoramento local", disse.

Secretário de Meio Ambiente de Maués, Jane Crespo, disse que o município vai aderir programa de combate ao desmatamento (Foto: Facebook/Perfil de Jane Crespo)

 A secretária informou que Maués fez a adesão ao programa e que isso facilitará uma gestão integrada entre as entidades. “Maués já fez adesão ao programa. Na verdade, a gente vai enviar essa adesão no prazo para fazer essa adesão, até o dia trinta de Abril. Maués já está bem encaminhado, a gente já vem trabalhando nesse processo há bastante tempo, desde o ano passado a gente já vem trabalhando e está se consolidando. É uma ação que está se consolidando aos poucos, a gente vem fazendo levantamento de informações, vem conversando com algumas instituições, algumas entidades para fazer essa adesão”, contou.

Entre as medidas que serão adotadas durante a aplicação do projeto, a secretária destacou a comunicação com instituições de monitoramento e auxílio às instituições federais e estaduais. 

“As ações são de combate ao desmatamento queimadas instalação de uma sala de monitoramento para uma sala de governança que eles estão falando, que nada mais é do que uma sala de monitoramento onde a gente vai ter acesso ao satélite de informações, acesso ao INPE acesso aos sistemas do estado de controle acesso ao CPTEC, os sistemas da Defesa Civil, então a gente vai ter acesso aí a bancos de dados que possam auxiliar na gestão desse processo e ajudar as outras instituições responsáveis”, informou a secretária. 

Ela ressaltou que além da preservação de áreas, o programa prestará assistência técnica aos produtores e parte da questão fundiária, para  fortalecer essa parte e identificar vazios territoriais do município. Também haverá uma conexão entre o município e os bancos de dados para facilitar deslocamento de equipes brigadistas e estrutura implementada para deslocamentos e visitas estratégicas. 


“Apesar de a gente não ter toda essa competência legal para fazer esse tipo de coisa, nem por estrutura até, porque os municípios não têm essa estrutura toda. Então, o que vem aí? Só o fato de já estar linkados com os bancos de dados, linkados à internet, linkados à web, que vai ter, inclusive, uma antena de internet. Todos os municípios vão receber uma antena de internet, veículos para deslocamento, para a gente ver em loco, fazer o combate, transportar as equipes de combate, as brigadas para combate. Então, tudo isso. Tudo isso é ajuda, tudo isso é fortalecimento do município, tudo isso é oportunidade e viabilidade ao município. De uma forma geral, é um programa bem positivo ao município”, 

Em análise

O secretário do Meio Ambiente de Lábrea, Daniel Hiroshi,  disse que o município ainda está avaliando a adesão ao programa federa . 

“Temos que analisar os aspectos jurídicos, orçamentários e até mesmo junto ao TCU (Tribunal de Contas da União), assumir a responsabilidade dos outros entes federativos como Estado e União não é fácil e precisa ser analisado de forma séria, responsável e realista”, disse Hiroshi.

Ele ressaltou que não há destinação de recurso ao município. “Fazemos o possível para apoiar todas as ações do governo do Estado e do federal, mas sempre analisamos todos os pontos. Já leu que não existe destinação de recursos? Já entendeu que eles estão tirando a responsabilidade dos órgãos federais e querendo jogar para os municípios, que são pequenos e com recursos insuficientes para fazer a função de outros órgãos?”, disse Daniel Hiroshi. 

O secretário ambiental de  Manicoré, Paulo Renato,  informou que o programa é viável e que as medidas serão aplicadas em quatro módulos pelo município. 

“É um programa importante, pois o município com ajuda do governo federal consegue melhor gerir as questões ambientais. Ações como ampliação do cadastramento ambiental de áreas rurais com até 4 módulos fiscais, com aquisição de equipamentos, veículos e treinamento podemos cadastrar e inserir as propriedades rurais no Cadastro Ambiental Rural - CAR, previsto no Código Florestal brasileiro", disse.


Regularização

Conforme informações da Secretaria Extraordinária de Controle do Desmatamento e Ordenamento Ambiental Territorial, R$ 600 milhões do Fundo da Amazônia serão investidos em regularização ambiental, regularização fundiária, assistência e extensão rural. Já os R$ 128 milhões  de políticas federais e Projeto Floresta, serão destinados a pagamentos por redução de desmatamento e conservação da vegetação nativa em assentamentos da reforma agrária, pagamento por serviços ambientais para produtores dos municípios prioritários para controle do desmatamento, implantação de brigadas para prevenção e combate a incêndios florestais. O restante do recurso será proveniente do aporte de emendas parlamentares e será aplicado em atividades sustentáveis.

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