ESTIAGEM E QUEIMADAS

Seca acende alerta e municípios relatam dificuldade no combate a incêndios no interior do Amazonas

Dados de monitoramento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) mostram que, do dia 1º a 19 de setembro, o Amazonas registrou 5.186 focos de incêndio. O número é 73% maior que a média da série histórica para o período (3.003)

Giovanna Marinho
online@acritica.com
21/09/2023 às 17:31.
Atualizado em 21/09/2023 às 17:31

Cena comum em época de seca no Amazonas: focos de queimadas nas estradas que ligam as cidades do interior do estado (Foto: Márcio Silva/A CRÍTICA)

"Agora são dois problemas sérios: as queimadas e a seca." A preocupação do secretário municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Manaquiri (distante 165 km de Manaus), Evanaldo Nascimento, resume o sentimento de outros representantes de municípios do interior do Amazonas. Conforme os rios recuam com a vazante, aumentam as distâncias para combater os focos de incêndio.

Dados de monitoramento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) mostram que, do dia 1º a 19 de setembro, o Amazonas registrou 5.186 focos de incêndio. O número é 73% maior que a média da série histórica para o período (3.003). Embora os secretários reconheçam tendência de redução dos números para as próximas semanas, em virtude das chuvas que têm chegado aos poucos aos municípios, o alerta permanece, como no município de Careiro Castanho (distante 26 km da capital).

"A situação melhorou um pouco, mas ainda existem focos pontuais, sob o nosso constante monitoramento. Ainda temos um verão muito forte e estiagem intensa. Estamos em alerta", declarou o secretário municipal de Meio Ambiente Ronaldo de Souza.

O Corpo de Bombeiros Militar do Amazonas (CBMAM) realizou ontem, por meio de videoconferência, uma reunião com a participação de secretários municipais das áreas de Defesa Civil e Meio Ambiente para alinhamento das ações. A partir desta quinta-feira, as reuniões da corporação irão acontecer duas vezes por semana, com atualização do status de focos de incêndio.

NOVOS BRIGADISTAS

A Presidente do Fórum Permanente de Secretarias Municipais de Meio Ambiente, Jane Crespo, afirma que as queimadas aliviaram, e na última semana foram liberadas a contratação de 17 brigadistas por municípios, e a capacitação deles será executada pelo Corpo de Bombeiros para os outros municípios, mas recursos não foram liberados para as prefeituras.

"Minha preocupação é com os municípios que já estão com o quadro de vazante avançado e não terão como combater qualquer sinistro de ampla proporção", reforça a secretária de Maués.

O secretário de Manaquiri confirma que, até o momento, o município não recebeu recursos dos governos federal ou estadual. Mesmo tendo decretado emergência em virtude das queimadas, nem brigadistas foram enviados para atuar nas queimadas. Nos próximos dias, outro decreto, agora alertando a situação de estiagem, deve ser publicado. "Até agora o governo não repassou nada, apenas se manifestou que iria mandar ajuda para os municípios que foram afetados na região metropolitana, mas até agora não chegou nada".

Evanaldo estima que no domingo o município ficará isolado por conta da seca dos rios, e a balsa que faz o percurso da sede para a Comunidade Bela Vista, em Manacapuru, principal rota de pessoas e insumos, deixará de operar com o rio seco. "Temos muitas comunidades que ficam isoladas, principalmente as que têm maior número de incêndios, que são as áreas indígenas do alto Manaquiri, e o acesso para essas localidades fica inviável", contou o secretário, ao enfatizar que agora a missão também é levar água para as comunidades isoladas.

ORIGEM DA FUMAÇA EM MANAUS

Em resposta ao A CRÍTICA sobre os repasses e ações de governo do estado no combate às queimadas, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) encaminhou um texto apontando que imagens de satélites mostram que a fumaça que encobriu Manaus ao longo da terça-feira teve origem nos municípios de Autazes, Careiro e Iranduba, somado à influência dos ventos trazidos pelo Atlântico Sul, o que é um evento anormal para a Amazônia. O trabalho de monitoramento e de prevenção e combate às queimadas, segundo a Sema, segue com o apoio da Defesa Civil e Corpo de Bombeiros Militar do Amazonas (CBMAM).

"A principal origem dessas fumaças que se concentraram em Manaus foi oriunda da região metropolitana, sendo que a maioria delas é de áreas de várzea, e essas áreas estão experimentando, atualmente, com a descida dos rios e essa seca que temos monitorado, uma característica de pegar fogo nessas vegetações. E o fogo é de maneira quase espontânea com caco de vidro, alguém que joga uma cinza de cigarro, ou alguma coisa que potencializa nesse período extremamente seco", explicou o secretário de estado do meio ambiente, Eduardo Taveira.

O secretário afirmou que o estado reduziu em mais de 60% o desmatamento, e mesmo com fatores climáticos desfavoráveis, conseguiu reduzir também em 20%, se comparado com o mesmo período do ano passado, as queimadas. E destacou que 17 brigadistas foram contratados em 10 municípios prioritários. Taveira ainda pontuou que, atualmente, menos de 30% dos focos de queimadas no estado são em floresta, e que 70% predominam em áreas consolidadas, como terrenos e quintais. Ele fez um apelo para que a população encontre alternativas para a limpeza desses locais.

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