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Apoio da Partnerships for Forests fomenta 15 negócios de bioeconomia na Amazônia

Gestão de recursos por meio de chamadas de negócios permite alavancar ideias inovadoras

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21/10/2023 às 17:03.
Atualizado em 21/10/2023 às 17:05

Na América Latina, o programa é implementado pelas empresas Palladium e Systemiq (Divulgação/Idesam)

Os desafios do ecossistema de bioeconomia na região amazônica são variados. Promover uma nova economia que considere um modelo justo para organizações sociais passa por soluções inovadoras, baseadas em pesquisa e inovação. Na busca de parceiros que acreditem nesta via, o Idesam vem construindo elos e arranjos que permitem a dinamização dos recursos aplicados. Foi assim que o apoio obtido pelo programa Partnerships for Forests (P4F), iniciativa financiada pelo governo do Reino Unido, resultou, ao longo de um ano, no fomento a 15 negócios voltados à bioeconomia na Amazônia. 

Por meio das quatro chamadas de negócios ‘Elos da Amazônia’, realizadas nos anos de 2021 e 2022 para compor a comunidade de negócios do Programa Prioritário de Bioeconomia (PPBio), o Idesam conquistou novas parcerias, como o movimento Uma Concertação pela Amazônia, promovendo um alcance nacional na busca por projetos e soluções para as cadeias de valor da floresta amazônica. O arranjo contou ainda com o apoio do Fundo Vale e Aliança pela Restauração na Amazônia. 

As quatro edições realizadas somaram 247 propostas inscritas, chegando a atingir 20 estados diferentes e mais de 50 cidades no Brasil. As propostas submetidas foram desde modelos teóricos a protótipos de tecnologias já criados ou mesmo em fase de validação de mercado. 

“As chamadas Elos da Amazônia foram feitas para identificar gargalos nas cadeias produtivas e apresentá-los enquanto oportunidades de negócios nas chamadas. Foram identificadas as propostas com maior potencial de solucionar os desafios da cadeia mapeados e que pudessem se posicionar como um novo negócio, resultando em uma produtividade e agregando valor aos produtos da sociobiodiversidade amazônica. Vale ressaltar que todos os finalistas receberam apoio técnico na formalização de projetos para receber aporte e recursos e de fato sair do papel e ir pro mercado”, explica o gerente do Idesam, Paulo Simonetti.

Além de banco de projetos, foram geradas publicações técnicas, disponíveis gratuitamente na biblioteca do Idesam: ‘Gargalos e oportunidades na cadeia da Castanha-do-brasil’; ‘Gargalos e Oportunidades: Cadeia do açaí no Amazonas’; e Estudo – Restauração Florestal na Amazônia, com diagnóstico das potencialidades e entraves para o desenvolvimento da cadeia de produção em questão.  

Os estudos integram o projeto “Destravando Investimentos Florestais via Programa Prioritário de Bioeconomia – PPBio”, financiado pelo Partnerships for Forests (P4F), um programa de seis anos, executado pelo Ministério das Relações Exteriores, Commonwealth e Desenvolvimento (Foreign, Commonwealth & Development Office, FCDO) do governo do Reino Unido.  

Conhecimento 

Ao ter a proposta selecionada, a startup Inova Manejo conseguiu dar fôlego ao propósito de agregar valor à produção de óleos resinas feita de forma artesanal pelas comunidades Limão do Curuá, no Arquipélago do Bailique (a 160 km de Macapá), comunidade sementes do Araguari, no município de Porto Grande (a 120 km de Macapá), e comunidade São José do Rio Maniva, no Afuá, a 40 minutos, de barco, da capital. O projeto ‘Nova prensa artesanal para extração de óleo de sementes de pracaxi’ é executado em parceria com a Embrapa-AP para extração de óleo de sementes de pracaxi e andiroba na região estuarina do estado do Amapá. 

A nova prensa desenvolvida trouxe grande impacto ao melhorar a qualidade e pureza do óleo extraído. Construída apenas com madeira, tornava-se um ambiente favorável à proliferação de micro-organismos como fungos e bactérias, que interferiam na acidez do óleo.  

Utilizando uma chapa de aço inox e um macaco hidráulico, a nova prensa trouxe um óleo de melhor qualidade físico-química, atestado a partir de amostras e análise dos dados, além de otimizar a aplicação da força física ao utilizar o macaco hidráulico.  

O processo de extração de óleo de pracaxi, produto utilizado como anti-inflamatório, soro antiofídico e cicatrizante, é uma prática cultural entre as comunidades que chega a duas toneladas de produção por ano no Amapá (AP), segundo dados da Embrapa.  

“Com o mercado de óleos essenciais em crescimento, a execução desse projeto é fundamental para auxiliar as comunidades a realizarem a extração seguindo parâmetros das boas práticas e agregação de valor. É uma atividade executada na sua maioria por mulheres, beneficiando aproximadamente 300 pessoas”, afirma Daniele Alencar, sócia fundadora da Inova Manejo.

A Inova Manejo foi criada por pós-graduandos e pesquisadores do Amapá, especialistas do tema para aplicar a inovação na área florestal e na área socioambiental, voltada ao mercado de forma sustentável.   

Para executar projetos que fomentem a bioeconomia é preciso ainda vencer barreiras logísticas. Todos os trajetos incluem transporte fluvial, alguns chegando a até quatro horas rio acima, como é o caso da comunidade Limão do Curuá. No caso da comunidade Sementes do Araguari é preciso ainda transportar o material por via terrestre, no trecho inicial.   

“Por se tratar de comunidades ribeirinhas de difícil acesso, o planejamento e preparação da equipe começa uma semana antes da saída de Macapá. Fazemos a compra de alimentação, combustível, matéria para as oficinas de construção da prensa (parafuso e ferros), uso da estufa de secagem, e no acompanhamento de extração do óleo pela prensa”, afirma Daniele Alencar. O projeto encontra-se em andamento com previsão de finalização em janeiro de 2024.

O Partnerships for Forests (P4F) é um programa do governo britânico desenvolvido para apoiar negócios florestais de impacto positivo em diversos ecossistemas tropicais do mundo.

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