O Porto Chibatão coordenou nesta quarta-feira (10) um sobrevoo na região do Tabocal e Enseada do Madeira com representantes de órgãos de navegação. Os dois lugares são considerados pontos críticos no período da seca dos rios, para navios de grande porte que transportam insumos que abastecem a indústria e o comércio da capital. Em função da seca do ano passado, 90 mil contêineres deixaram de chegar à capital.
A medida é um movimento de antecipação da empresa para a estiagem desse ano, com o objetivo de diminuir eventuais prejuízos para a navegação e transporte de insumos. O foco será a implementação de medidas preventivas de dragagem na região do Tabocal e do Madeira. Jhonys Fidelis, diretor do grupo Chibatão, declarou que a gestão corporativa tem apresentado preocupação com a estiagem desse ano.
“Nas medições que temos acompanhado, nas regiões de Manaus e em Itacoatiara, a água está dois metros abaixo em comparação com o ano passado, para o mesmo período. A expedição de hoje teve como objetivo principal levar o DNIT, a Marinha, a ANTAC, e a praticagem para mostrar in loco o problema. É mostrar para que os tomadores de decisões possam tratar essa situação”, declarou Fidelis.
A alternativa é realizar uma dragagem nas duas localidades.
“Se não houver uma dragagem preventiva até junho na Enseada do Madeira e no Tabocal, possivelmente teremos uma outra grande estiagem. A estiagem desse ano pode começar mais cedo. Essa expedição, teve como objetivo principal: sinergia e olhar o problema de perto. Agora, vamos discutir prazos. O DNIT está muito motivado. E saiu daqui com informações precisas”, detalhou Fidelis.
Para o diretor, o prejuízo maior é para a população.
“Fábricas pararam. O comércio não tinha produto para vender para a população. O arroz, por exemplo, antes da estiagem o quilo era R$ 3.50, pós continua R$ 7. Agora, imagine, com uma nova estiagem para quanto vai o preço do produto da cesta básica? O Amazonas todo perde. As ações estão sendo tomadas desde que feitas no prazo correto”, disse Fidelis.
Sondagem
O capitão de mar e guerra da Marinha do Brasil, André Carvalhaes, Capitão do Portos em Manaus, detalhou que a MB está realizando uma sondagem na região do Tabocal e em breve na enseada do Madeira.
“Uma antecipação da sondagem que já estavam previstas, nas regiões mais críticas de navegação na foz do Madeira e na região do Tabocal para que seja oferecido ao DNIT dados mais precisos, confiáveis e técnicos, para que se consiga antecipar a dragagem”, detalhou.
A sondagem, segundo Carvalhaes, é o levantamento do fundo leito do rio com relação a profundidade.
“Os navios que abastecem Manaus vêm bastante carregados e precisam de uma profundidade adequada para passar com segurança. A Marinha vem alertar isso: o quão profundo está e se a profundidade não for suficiente o DNIT vem com a dragagem para abrir um canal de passagem seguro”, explicou.
Carvalhaes detalhou que o sobrevoo teve por objetivo contextualizar o local e proporcionar embasamento material.
“Efetivamente, as ações de sondagem já iniciaram no mês passado. Já está sendo finalizado na Foz do Madeira para que se possa emitir a carta de sondagem. E será iniciada a sondagem no Tabocal. Cada agência age no âmbito de atuação, mas esse olhar conjunto tem frutos para tirar dúvidas e troca de experiências”, pontuou.
DNIT e PROA
Erick Moura, diretor de Infraestrutura Aquaviária do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), declarou que o departamento está atento às demandas do Amazonas.
“Eu vim de Brasília, praticamente nessa semana estou visitando não somente o trecho do Tabocal, mas com também a Manaus Moderna e o porto de São Raimundo em constante presença do Governo Federal no Amazonas”, disse o gestor.
O presidente da Praticagem dos Rios Ocidentais da Amazônia (PROA), João Gilberto Coelho, declarou que foi possível apresentar os dois pontos considerados gargalos para ao acesso de navios para Manaus. Para ele, o levantamento feito pela Marinha possibilitará observar a configuração do leito do rio e os órgãos irão agir para reduzir eventuais prejuízos causados pela estiagem, assim como viabilizar a dragagem.
“O rio Amazonas é dinâmico. O seu leito se movimenta através das diferentes pressões de água, corrente, das situações, margens que caem e, então, essa condição dele de está em movimento exige que tenhamos uma atenção constante de observação para que possamos ao máximo se antecipar e tomar providências que possam reduzir qualquer condição de prejudicar o acesso de grandes navios e assim a economia e o fornecimento de insumos”, disse Coelho.
Para o diretor o que ocorre no Tabocal e na Enseada do Madeira é um excesso de sedimentação.
“Uma sedimentação maior que ocorre nesses dois pontos e que reduz a profundidade e com isso prejudica do navio vir com o calado acentuado, já tem que reduzir o calado, que é a parte da embarcação que fica dentro d’agua. Quanto mais o rio seca, menos carga o navio pode embarcar e isso prejudica o fornecimento de mercadorias”, explicou.
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