Dia do trabalhador

Primeiro emprego com carteira assinada é coisa rara

Jovens relatam dificuldades na procura pela primeira oportunidade de emprego em Manaus

Thiago Monteiro e Robson Adriano
30/04/2023 às 08:02.
Atualizado em 30/04/2023 às 08:02

Gabrielly Moura, 20, procura se qualificar para atender as exigências do mercado (Foto: Márcio Silva)

O desafio para quem procura o primeiro emprego é grande. Muitas vezes a falta de qualificação, experiência, oportunidade e adversidades da vida fazem com que o candidato (a) não obtenha êxito de ter a Carteira de Trabalho assinada por alguma empresa, instituição ou corporação. No Dia do Trabalhador, comemorado nesta segunda-feira (1), A CRÍTICA traz relatos de jovens  que até hoje não conseguiram o tão sonhada CTPS carimbada.

Gabrielly Moura, 20, afirma que tem pesquisado por vagas na sua área, tem se qualificado profissionalmente, tentado se adequar ao mercado de trabalho, mas o emprego na área administrativa está escasso na capital amazonense. 

“Bom, para quem está procurando o primeiro emprego é sempre mais difícil, existem poucas oportunidades. Geralmente as empresas preferem alguém com carteira com várias experiências ou alguém que seja indicado. Então, para mim que não tem essa facilidade é um pouco mais difícil. Vou me virando como posso, enviando currículos para onde precisam, e fico aguardando”, disse Moura.

‘Trabalhei e não assinaram minha carteira'

Para Mayler Araújo, 34, que está há nove meses desempregado, as exigências do mercado são um dos principais motivos para sua Carteira de Trabalho nunca ter sido assinada. Segundo ele, há alguns anos trabalhou como vendedor, mas a empresa no qual trabalhou nunca assinou a sua CTPS.

Mayler Araújo, 34, nunca teve sua Carteira de Trabalho assinada (Foto: Márcio Silva)

 “Hoje vejo certas exigências, que antes, pelo menos, nunca eram abertamente faladas. Muitas empresas exigem que você more em zonas específicas da cidade. Eu já perdi oportunidades por conta disso. Outra questão é a falta de oportunidade para quem tem menos de seis meses de carteira ou nenhuma experiência como no meu caso", disse Araújo.

Sete meses e nunca assinaram a  carteira

Com o mesmo drama, a jovem Ylla Amorim, de 24 anos, afirma que passou sete meses  trabalhando em um posto de combustível e nunca conseguiu que assinassem sua carteira de trabalho.

"Hoje em dia é difícil arrumar um emprego com carteira assinada. As empresas exigem que você tenha experiência para trabalhar. Nas minhas entrevistas eles perguntam se eu tenho horário disponível e disponibilidade para eles a qualquer momento. Eu tenho uma filha de quatro anos e ainda estou concluindo meu ensino médio", desabafou Ylla Amorim.

Para a consultora de Recursos Humanos, Paula Martins, alguns jovens ainda não se identificaram com nenhuma área de interesse. E acabam se candidatando para oportunidades que estão fora do seu perfil. "De repente o candidato fez um curso de atendimento ao cliente e percebeu que não tem perfil para atuar no comércio, mas fez um curso de TBO (Treinamento Básico Operacional) e percebeu que se identificou com as atividades. Então, você será um forte candidato para concorrer às oportunidades de primeiro emprego oferecidas pela indústria. Pois um dos requisitos é o curso de TBO. Além disso, é importantíssimo treinar uma apresentação para a hora da entrevista. Reforçar  as habilidades e descobrir quais os planos para o futuro. O importante é convencer que o candidato é a pessoa certa para ocupar a vaga", explicou.

A consultora 

Paula Martins disse que uma forma de contornar a problemática de não conseguir o primeiro emprego é a busca em fazer cursos profissionalizantes para agregar valor ao currículo. 

“Sem sombra de dúvida, a falta de experiência é o principal desafio para o jovem conquistar o seu primeiro emprego. É bem comum que a maioria das empresas faça essa exigência, até mesmo para cargos mais simples, como atendente por exemplo, já que é uma função que não demanda tanto conhecimento técnico”, contou.

Caged

O primeiro trimestre de 2023 teve um saldo de 53.270 mil admissões no mercado formal em Manaus. Esse valor representa um aumento discreto de 0,2% em comparação com o ano passado, onde para o mesmo período foram 53.117 mil, segundo dados do sistema de Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). 

No mês de março, o Caged aponta que na cidade foram 18.077 mil admissões e fecha o terceiro mês do ano com saldo de 1.450 mil empregos com carteira assinada abertos. 

 
Pra o mês de março, os dados do Caged apontam ainda que o setor de Serviços foi a atividade econômica que registrou as maiores contratações com 8.743 mil e um saldo de 781. Seguido do setor de Comércio com 4.596 mil admissões e um saldo de 371; Indústria com 3.345 mil admissões e 117 de saldo; Construção com 1.386 mil admissões e saldo de 184; por fim o setor de Agropecuária com discretos sete contratações e saldo negativo de -3. Os dados referentes ao mês de abril ainda não estão disponíveis pela plataforma.

Já o cenário de desligamentos, Manaus registra um aumento percentual de 5,1% para o primeiro trimestre em comparação com o ano passado. Em janeiro, fevereiro e março desse ano foram 50.614 mil demissões. Em 2022 foram 48.129 mil pessoas demitidas. A sazonalidade faz parte do cenário do mercado de trabalho local, como observado nos números de desligamento, onde o setor de Serviço também lidera em número para esse dado com 7.962 mil, seguido de Comércio (4.225 mil) e Indústria (3.345 mil).

No âmbito estadual, segundo balanço divulgado pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) na última quinta-feira (27), o Amazonas fechou março com 1.547 mil empregos formais abertos, com 19.634 mil contratações e 18.087 desligamentos para o período. O setor de Serviço lidera a abertura de empregos com carteira assinada e fecha o março com saldo de 844. Seguido do Comércio (415), Indústria (161), Construçã

Segundo balanço do MTE, no acumulado do ano, o Amazonas possui 57.956 mil admissões contra 55.563 mil desligamentos. Isto significa um saldo de 2.303 postos de trabalho para todo o Estado.

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