Anúncio de redução abaixo do esperado provocou críticas à diretoria do Banco Central
Economista Denise Kassama (Foto: Arquivo / AC)
A economista amazonense Denise Kassama avalia que o Comitê de Política Monetária (Copom) adotou prudência em excesso ao reduzir o corte da taxa básica de juros. Nessa quarta-feira (8), o comitê determinou queda de 0,25% na taxa Selic, com voto de desempate do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
Apesar de ter apostado em uma queda de 0,50%, ela ressaltou que a decisão não foi unânime entre os membros da diretoria.
Ainda assim, de forma geral, Denise considerou que “toda baixa é interessante” e deve impactar positivamente em pessoas endividadas com cartão de crédito e bancos.
A decisão de cortar a taxa de juros em 0,25% ocorreu por voto de desempate. Por 5 votos a 4, o Comitê de Política Monetária (Copom) definiu a taxa Selic, juros básicos da economia, em 10,5%. Essa foi a sétima vez consecutiva que o comitê reduziu a taxa. No entanto, a velocidade nos cortes diminuiu.
Por um lado, os diretores Ailton de Aquino Santos, Gabriel Galípolo, Paulo Picchetti e Rodrigo Alves Teixeira – indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) – votaram por um corte de 0,50%. Na outra ponta, os diretores Carolina de Assis Barros, Diogo Abry Guillen, Otávio Ribeiro Damaso e Renato Dias de Brito Gomes – indicados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) – votaram por um corte menor de 0,25%. O presidente do BC, Roberto Campos Neto, deu o voto de desempate a favor dos diretores indicados pelo governo anterior.
Nas justificativas, o Copom informou que o cenário externo se agravou que a inflação subjacente, que elimina preços mais voláteis, está acima da meta de inflação. Além disso, o comunicado defendeu que o arcabouço fiscal aprovado no ano passado tenha credibilidade. Ao contrário das últimas reduções, o Banco Central não deu nenhuma indicação sobre o que fará nos próximos encontros.
Entidades e políticos criticaram a decisão do Copom. A deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR), chamou a redução desacelerada de “crime” e que não há nenhuma fundamentação econômica na aprovação.
O presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Ricardo Cappelli, também criticou a redução do Copom e disse que não há “nenhum argumento técnico que justifique”.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) também repudiou a decisão, afirmando que ela é “incompatível com o atual cenário de inflação controlada e torna impraticável continuar o projeto de neoindustrialização do país com altos níveis de taxa de juros”.