Greve dos professores

Em greve a partir de 31 de maio, professores não aceitam retorno presencial às escolas da capital

Categoria se diz ameaçada para voltar às aulas

Maria Derzi
27/05/2021 às 15:18.
Atualizado em 09/03/2022 às 07:13

(Foto: Divulgação)

Os professores e servidores da rede estadual de ensino, que atuam em Manaus, alegam que estão sendo coagidos a retornar para as salas de aula a partir do dia 31 de maio, menos de um mês após a aplicação da primeira dose da vacina contra a Covid-19, iniciada em 17 de maio. Eles dizem que estão sendo ameaçados mediante documentos internos enviados pela direção da Secretaria Executiva Adjunta da Capital. De acordo com eles, os documentos determinam o retorno das atividades presenciais de professores e merendeiras, exceto as grávidas nas unidades de ensino da capital.

O documento que circula também pelas redes sociais dando encaminhamentos sobre o retorno é endereçado aos coordenadores distritais da capital e assinado por Waltercléia Silva. Ele indica que, a partir desta quinta-feira, as secretarias já iriam funcionar das 8h às 17h. E que as escolas já estariam recebendo merenda escolar.

Outra determinação do documento é o retorno, a partir do dia 31 de professores e merendeiras, menos grávidas, às escolas. Segundo o documento, essas decisões teriam sido tomadas em reunião realizada no dia 26 entre os coordenadores e secretários.

No entanto, o coordenador de comunicação do Sindicato dos Professores e Pedagogos de Manaus, Lambert Melo, afirma que o retorno às aulas deveria obedecer às diretrizes determinadas pela ciência, que indicam um prazo maior para que a vacina tenha efeito. “Recebemos a primeira dose da vacina, mas é de conhecimento de todos que a ciência determina que a imunização completa só ocorre depois de tomada a segunda dose. E mesmo assim, é necessário que se transcorrer um prazo de 15 dias para que essa vacinação se totalize. Ninguém de nós está imune ao vírus”, disse o representante sindical.

Lambert confirmou que os professores estão recebendo comunicados internos que, segundo ele, são uma forma de pressão feita para voltarem ao sistema presencial. “Para nós é bastante assustador. Estávamos nos esperando que isso acontecesse, mas não imaginávamos que seria, assim, de forma tão abrupta. Não há nenhum decreto assinado pelo Governador ou portaria assinada pelo Secretário de Educação, determinando especificamente a suspensão do teletrabalho em regime de home office. Essa ameaça concreta que está sendo feita pela Seduc contra os professores que trabalham na capital nos preocupa muito. Esses documentos estão sendo encaminhados pelas instâncias superiores da secretaria para seus subordinados, para coordenadores e gestores já anunciando que haverá o retorno das aulas presenciais que é o sistema híbrido, para os aluno”, disse Lambert.

A presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Amazonas (Sinteam), Ana Cristina Rodrigues, também se manifestou contrária ao retorno das atividades no dia 31, conforme documento. “As 20h de ontem (quarta-feira) recebemos a notícia de que a Seduc prepara para o dia 31 o retorno das aulas. Recebemos essa notícia com muita tristeza porque retornar agora é colocar as nossas vidas em risco, colocar a vida da comunidade escolar e da sociedade em risco. Somos contra esse retorno. Só se pode falar em retorno com a imunização de todos os trabalhadores em educação porque, assim, estaremos salvando vidas e não colocando vidas em risco. Nossas vidas valem muito. É preciso que estejamos protegidos para retornar às aulas”, disse a presidente.

Estruturação

O representante da Asprom disse que não basta vacinar. É necessário cumprir outras medidas como da estruturação nas escolas para não haver o contágio e ter atenção ao sistema de transporte público. “Exigimos reformas nas salas de aula, nas janelas das escolas para que haja circulação de ar. Nos quando atual não há ambiente adequado, pois não há circulação. Não há também nenhum plano de controle e fiscalização sobre o transporte coletivo urbano, porque tanto professores quanto alunos usam os ônibus para se transportarem para ir pra escolas e ir pra casa”, disse.

Lambert anunciou que, por conta dessa situação, os professores da rede estadual estão em estado de greve, aprovado no dia 31 de março, tanto para professores da Seduc e Semed. “Temos aprovado para dia 31 uma paralisação de advertência presencial, nos três turnos, portanto as aulas não irão retornar dia 31, para mostrar tanto para o Governador do Amazonas quanto para o Prefeito que não estamos concordando com esse retorno   precipitado das aulas presenciais. Teremos um ato público que será realizado na frente do Tribunal de Justiça para que eles julguem, de forma imediata, o nosso mandado de segurança que impetramos para suspender qualquer decisão que vier a determinar o retorno das aulas presenciais. O indicativo de greve está marcado  para o dia 2 de junho. Entendemos que não é possível retornar com as aulas presenciais, nesse momento, porque a pandemia da Covid-19 continua descontrolada. Não é possível que os governantes não sejam sensíveis a situação”, disse.

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