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Escola de samba Vila da Barra levará ao Sambódromo de Manaus a história de "Zé Pilintra"

Entidade de luz conhecida na Umbanda é o enredo da escola para o desfile deste ano. Agremiação busca uma posição melhor que o quarto lugar conquistado em 2023

Robson Adriano
online@acritica.com
23/01/2024 às 21:01.
Atualizado em 23/01/2024 às 21:02

Ulisses Aquino e Luciana Ribeiro, 1º Casal de Mestre sala e Porta Bandeira (Foto: Paulo Bindá)

O Grêmio Recreativo Escola de Samba (GRES) Vila da Barra tem como personagem central do enredo para o desfile deste ano o pernambucano José Pereira dos Anjos, conhecido na umbanda como Zé Pilintra, entidade de luz cujo trabalho é desenvolvido na linha dos malandros. A agremiação do bairro Compensa, zona Oeste da cidade, é a terceira a desfilar no Sambódromo, situado na avenida Pedro Teixeira, a partir das 22h40 do dia 3 de fevereiro.

Com o enredo “Quem não nasce para servir, não serve para viver. Salve! Salve! Sêo Dotô, Bravo Sinhô! O rei da malandragem, seu Zé Pilintra chegou” pretende levar o título de campeã neste ano. Zé Pilintra é considerado uma das mais importantes entidades de cultos afro-brasileiros pela proteção ao povo que vive em condição de rua nas noites e madrugadas. Em 2023, a escola ficou em quarto lugar com 267.3 pontos com o tema “Ratanabá – O segredo milenar da Amazônia”

“Estão imaginando que a Vila da Barra vai trazer seu Zé Pilitra como na macumba, até não posso fugir disso, mas vamos falar sobre José dos Anjos, sobre a vida dele. Desde o tempo em que ele saiu de Pernambuco, onde viveu debaixo de uma árvore, até chegar no Rio de Janeiro. E vendo toda a calamidade, montou cassinos para ajudar a população marginalizada até ser morto por traição”, explicou o presidente da escola, Apolo Ferreira.

Presidente do GRES Vila da Barra, Apolo Ferreira (Foto: Paulo Bindá)

Ferreira explica que a entidade autorizou a homenagem na avenida. Dados históricos apontam que José dos Anjos viveu no Brasil até 1920, ano em que foi encontrado morto com 41 anos. O corpo está sepultado na cidade de Alhandra no estado da Paraíba. Segundo o presidente, a história será contada com foco no trabalho de caridade que José dos Anjos desenvolvia nas ruas da capital carioca.

“É desse jeito que temos a maior honra de mostrar a história dele. Vamos mostra-lo criança em Pernambuco, adolescente chegando ao Rio (de Janeiro) e desenvolvendo o trabalho social até a morte dele, onde se torna entidade. Ele já tinha o dom de entidade e depois de morto se consagrou na linha branca. Cuja entidade forte da cabeça dele é o Preto Velho, da linha da cura”, explicou Ferreira.

O samba-enredo escolhido pela escola tem fortes versos que convocam o publico a refletir sobre a importância de servir ao próximo, como “Ila ila brada ao senhor/Ila ila oh seu dotô/quem não nasce para servir/não serve para viver/Saravá Zé Pilintra/O rei do catimbó mestre do Jurerê”. Catimbó, em tupi-guarani, significa “fumaça de mato” e é considerado uma das mais antigas religiões brasileiras difundida no nordeste do país, que usa as ervas para a cura de enfermidades.

Bateria Pegada da Onça, da agremiação Vila da Barra (Foto: Divulgação)

“Essa frase é muito forte. É a realidade de hoje: se você não vive para servir, então porque você está vivendo? A humanidade está tão afastada, não existe mais amor e compaixão com o próximo. A gente que frisar essa frase para o lado humano, de que estamos aqui para servir o próximo. Essa é a maior mensagem que vamos deixar na avenida. A Vila merece esse titulo. Merecemos ser campeões”, pontuou Apolo.
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