Ele ficou em primeiro lugar na categoria ‘Clima’, do Concurso de Fotos 2023 promovido pela The Nature Conservancy (TNC), com uma fotografia que retrata os extremos da seca e da cheia dos rios
Foto foi feita na Vila do Cuia, em Anamã, em 2021 (Foto: Raphael Alves)
O fotojornalista amazonense Raphael Alves é um dos três brasileiros a vencer o Concurso de Fotos 2023, um dos prêmios mais tradicionais na área da fotografia, promovido pela The Nature Conservancy (TNC). Ele ficou em primeiro lugar na categoria ‘Clima’ – uma categoria internacional – com uma fotografia que retrata as questões das mudanças climáticas: os extremos da seca e da cheia dos rios.
A foto faz parte de um trabalho realizado por ele desde 2009, sobre como o ser humano se relaciona com esses extremos. Acima de tudo, sobre a relação do povo da região Norte com as águas. Esse trabalho foi realizado na Vila do Cuia, no município de Anamã - AM, em 2021.
Raphael busca por meio de seu trabalho dar voz e imagem para as pessoas, para a situação da região, que é sempre vista muito de longe. “A gente tá vivendo o momento de uma extrema seca, dois anos depois de uma cheia extrema. E é importante chamar atenção pra cá, né? Eu acredito que a floresta, a Amazônia, são muito vistas no ponto de vista do satélite. Por exemplo, agora durante esse período tenso que estamos vivendo de seca extrema e essa fumaceira das queimadas – que eu também cobri – eu vi muita gente repetindo sobre o número de focos na Amazônia ter diminuído. E pode ter diminuído na Amazônia, mas no Amazonas não”, lamenta Raphael.
Para ele, as pessoas veem a região como um todo, mas não enxergam as especificidades. “O que adianta você ter um dado de que diminuiu o número de queimadas na Amazônia, por exemplo, e em Manaus, no Amazonas, em geral, as pessoas estarem respirando fumaça com partículas e um ar com umas das piores qualidades do mundo? E é a mesma coisa em relação a cheia, a seca... Como é que isso afeta as pessoas? Eu olhar de cima, ver o rio seco é importante, porque da uma dimensão. Mas e lá embaixo, né? Quem são essas pessoas? O que elas estão passando? Como fica o dia a dia delas? o que muda? Como elas devem se adaptar? Como elas enfrentam isso?”, indaga o fotógrafo.
Critérios
Para participar do concurso, Raphael enviou cinco fotos na intenção de concorrer nas categorias ‘Pessoas’, ‘Natureza’ e ‘Clima’. No entanto, foi escolhido apenas nesta última. “E uma coisa importante, depois que você faz a foto e ela é considerada para a final, você tem que mandar o arquivo original para provar que não teve manipulação excessiva, além do normal, porque nós fotografamos o arquivo cru e, claro, a gente faz ajustes de contraste e tal. Mas nada que você tira ou coloca na imagem, nenhum tratamento de pele, nenhum tratamento excessivo de cor, essas coisas”, esclarece.
Premiação
Além do anúncio, os vencedores concedem algumas entrevistas, e os primeiros colocados de cada categoria ganham um prêmio de mil dólares. “É um voucher que você vai usar em um site que eles vão determinar, e esse valor, se eu não me engano, é para usar em equipamento fotográfico. Então eu provavelmente vou ter esse valor para investir em algum equipamento, alguma coisa nesse sentido, que possa colaborar com o meu trabalho”, conclui.