Pódio para o Amazonas

Adão Lemos colocou o Amazonas no pódio da edição de 30 anos do Rally dos Sertões

Piloto amazonense de 54 anos, que está em sua terceira participação na Sertões, foi vice-campeão em duas categorias diferentes de motos da maior prova off-road do país

João Felipe Alves
online@acritica.com
26/09/2022 às 21:42.
Atualizado em 26/09/2022 às 21:45

Adão Lemos, subiu ao pódio duas vezes na categoria Moto Brasil - 300 cilindradas e na categoria CRF - 250F (Foto: José Mário Dias)

No último dia 10, após mais de 7 mil km percorridos, o Rally dos Sertões, o maior rali do mundo, chegou ao fim. Os competidores saíram de Foz de Iguaçu (PR) e após 15 dias fecharam a edição comemorativa de 30 anos, no Pará, na cidade  de Salinópolis, litoral paraense. 14 etapas foram disputadas durante o período.

Com oitos estados atravessados e inúmeras regiões brasileiras exploradas, o estado do Amazonas foi bem representado, nesta que se tornou a maior competição -em distância- do mundo. Adão Lemos, subiu ao pódio duas vezes na categoria Moto Brasil - 300 cilindradas e na categoria CRF - 250F.

O piloto amazonense de 54 anos, ficou com o segundo lugar nas duas modalidades, um resultado expressivo para o estado. Com a 23ª posição na classificação geral, Adão contou com exclusividade ao A Crítica, que competir no Rally dos Sertões é a realização de um sonho. Adão, que é chefe de cozinha, disse que tudo começou como um hobby.

“Eu faço trilha há mais de 20 anos e era um hobby, mas o Rally dos Sertões é a realização de um sonho, eu sempre acompanhei os melhores pilotos, Jean Azevedo, Juca Bala, Tiago Fantozzi… São os pilotos da minha época, que eu via e eu tive o prazer de conhecer e de correr com eles na Sertões. E aqui, eu não posso deixar de agradecer a quem me levou para correr, Marcelo Gastaldi, que me apoiou, que me ajudou. Porque, o Rally dos Sertões é uma prova muito cara, de moto (modalidade de Adão) é caro, imagina de carro”, disse o piloto que neste ano, correu pela 3ª vez na Sertões.

“Eu comecei a realizar esse sonho em 2020, poderia ter sido em 2019 mas eu sofri um acidente e acabei ficando parado. Mas hoje, hoje eu corro ao lados dos meus ídolos, você sabe o que significa isso? É brincadeira, tem hora que a ficha não cai, você de repente do lado deles, a ficha não cai”.

Ativo na competição desde 2010, Adão mostra franca evolução. Em 2020, ano de estreia, o amazonense foi quinto lugar na categoria Moto Brasil - 300 cc e, 3º lugar na categoria 250 F. Em 2021, Adão não completou uma das etapas. No trecho de Xique-Xique, cidade baiana à margem direita do Rio São Francisco, Adão teve que ‘forfetar’ e abandonou a prova do dia após sua moto quebrar em um dos percursos. No entanto, terminou na 6ª posição na categoria de 300 cc. E por fim, o resultado deste ano que o colocou no pódio duas vezes.

Para conciliar a vida de chef e piloto, Adão é bastante organizado quanto aos seus horários. Personal Chef, ele antecipa seus horários para que não haja conflitos com seus treinamentos.

“Eu atendo meus clientes em casa, então eu sempre sei com antecedência quando vou estar ocupado. Então, eu sempre tiro dois ou três dias da semana para treinar. Aqui em Manaus mesmo, eu tenho uma trilha, um percurso de 200km, que é justamente o meu treinamento. Eu saio da minha casa, vou para o Tarumã, termina na Nossa Senhora de Fátima, pego até um barco, atravesso o Rio Negro e termino ali por trás do Tropical, esse percurso, esse é o meu treinamento”. 

Mesmo correndo em três edições seguidas da maior competição off-road do Brasil, Adão diz que uma das principais dificuldades para chegar à primeira prateleira de pilotos vai além da tentativa de angariar patrocínios que deem boas condições de provas, mas a experiência em saber lidar com etapas físicas e mentalmente desgastantes, 

“A maior dificuldade hoje para competir é o patrocínio, o conhecimento e a experiência. O rali não é só chegar lá nas provas, ter dinheiro, equipamentos, um carro, uma moto boa, se não tiver experiência, não recomendo. São provas muito perigosas, são trechos que você só conhece 1h antes da largada e através de uma planilha, são vários tipos de terreno, tem uma dificuldade muito grande. Eu já corri em três Sertões e em todas eu tive muita dificuldade e essa última foi mais complicada em termos de quilometragem. É muito difícil”.

Planos para o futuro

As provas off-road exigem muita resistência física e mental, além é claro, da velocidade, essencial para um bom desempenho. O Rally dos Sertões deste ano se tornou a maior prova do mundo, pelo percurso extenso que saiu da região sul do Brasil e terminou na região norte. Contudo, é apenas um degrau para aquele que é o maior desafio dos pilotos de rali do mundo, o Dakar.

Uma das mais perigosas e mortais provas, é o mais importante evento da categoria do mundo e acontece desde 1978. Além de habilidades técnicas, é também um desafio de resistência, já que os percursos normalmente se iniciam na França (Europa) e se encerram no Senegal (África). 

Para Adão não é diferente, o piloto quer chegar ao nível mundial de competitividade e o objetivo é estar na próxima edição do Rali Dakar. 

“É muito difícil, mas para chegar no Dakar é preciso ter muita experiência e eu já tenho muita experiência, de trilha, de provas, eu pratico muito e eu já tenho três Sertões e essas provas já me deram uma base muito boa. Mas para correr Dakar, eu vou deixar bem claro, eu tinha um sonho de correr na Sertões e, eu consegui. Agora eu tenho um sonho de correr Dakar. Porque não? Só que o Dakar requer muito da parte financeira, para correr numa categoria original eu preciso ter no mínimo 600 mil reais, é um passo muito grande. Mas em capacidade de correr o Dakar hoje, eu me vejo em condições, mas para isso eu preciso de patrocínio, porque é muito dinheiro”.


Fotos carrosel: Vinicius Branca/Vandrei Stephani/Donizetti Castilho/Rodrigo Barreto/Victor Eleuterio

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