HISTÓRIA

Há 40 anos, Fast e Cosmos faziam a partida de maior público do Vivaldão

No dia 9 de março de 1980, o amistoso internacional parou a capital amazonense e levou mais de 80 mil torcedores ao estádio, estima-se. Carlos Alberto Torres, Beckenbauer, Clodoaldo e Orange foram alguns dos craques do jogo

Leonardo Sena
09/03/2020 às 13:03.
Atualizado em 10/03/2022 às 10:41

(Foto: Reprodução/Internet)

Pegue o calendário, torcedor amazonense. Vá para o mês de março, olhe para o dia número 9, a data de hoje, e marque: há exatos 40 anos, Fast Clube e New York Cosmos, dos Estados Unidos, se enfrentavam no estádio Vivaldo Lima, em uma tarde de domingo ensolarada, para 56.890 torcedores pagantes. Com a não rígida segurança da época, a já esperada superlotação levou ao saudoso Vivaldão mais de 80 mil pessoas, estima-se.

Em campo, um empate em 0 a 0 não desanimou a torcida. Primeiro que, de acordo com relatos da época, a partida foi movimentada, com chances criadas tanto pelos craques mundiais do time estadunidense quanto pelo time amazonense. Além disso, 10 anos depois da inauguração do estádio, os torcedores amazonenses já tiveram a oportunidade de assistir a confronto entre uma equipe estrangeiro e uma equipe ‘baré’. Não foi qualquer domingo.

A promoção do espetáculo 

O responsável por trazer o time norte-americano a Manaus foi o empresário e torcedor do Fast Clube, Joaquim Alencar. Amigo de Júlio Mazzei, brasileiro que era treinador da equipe dos Estados Unidos à época, e Pelé, o Rei do Futebol, que encerrou a carreira vestindo a camisa do Cosmos em 1977, o amazonense conseguiu promover um dos maiores eventos futebolísticos do futebol baré.

“Eles (Júlio e Pelé) deram muita força para o evento acontecer. Fizemos um mega projeto, para chegar aos valores pedidos. Funcionou também como um projeto para divulgar Manaus, e o Amazonas. Assim foi feito”, afirmou Joaquim. De acordo com o cronista Lucio Bezerra, o Cosmos recebeu 50 mil doláres à época - livres de qualquer despesa, como passagens e hospedagem - pela partida. 

Já pelo lado do Fast, uma história dos bastidores aponta para o contrário na questão da ‘premiação’. Segundo um dos envolvidos no jogo, na prestação de contas, um oficial de justiça chegou a Emamtur (Empresa Amazonense de Turismo) - onde se instalara a coordenação do clube amazonense - com um mando judicial para arrastar da renda, que chegou a 5 milhões de cruzeiros, valores referentes a uma execução judicial contra o Tricolor. Sobraram alguns míseros cruzeiros que João Torres (presidente do Fast à época) deixou em cima da mesa, dizendo ao presidente da Emamtur: "Dá isso para o primeiro mendigo que passar aqui na frente".

'Capita' foi um dos craques presente à partida. Foto: Reprodução

Encontro de craques

O esquadrão estadunidense trazia para a partida jogadores de peso internacional, como: Carlos Alberto Torres, o capitão do tricampeonato mundial brasileiro; Beckenbauer, um dos maiores jogadores alemães de todos os tempos; e Romerito, visto por muitos como o melhor paraguaio da história.

Pelo lado do Fast, Clodoaldo, também tricampeão mundial, como o ‘Capita’ - expulso na partida em questão -, foi apontado como o melhor jogador da partida. Ao lado dele, estiveram na equipe fastiana Judelci, Zé Luis e Orange, que levou a camisa do atacante Seninho, segundo o historiador Teófilo Mesquita.

Momento inesquecível

40 anos depois, alguns jogadores lembram perfeitamente daquele domingo. Serginho Benarrós, que foi formando nas categorias de base do Tricolor de Aço e fazia parte daquele elenco, não jogou por estar contundido. Mas as experiências dos bastidores seguem intactas.

“Com 18 anos à época, não tínhamos noção do tamanho do evento. Conforme o dia ia chegando, percebíamos que era algo anormal. Houve muita procura por ingressos, alta presença de pessoas no clube. A sede do Fast parecia um mercado de tanta gente. Era um jogo raro”, relembrou Serginho.

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