Craque

Triste fim: restos do estádio Vivaldo Lima vão a leilão

Depois de três anos ao relento, estruturas abandonadas do Colosso do Norte vão receber destino adequado

Lorenna Serrão
10/11/2013 às 14:09.
Atualizado em 19/03/2022 às 13:56

(Estruturas metálicas do Vivaldão seriam usadas na reforma do Gilbertão)

Após três anos, as estruturas metálicas e as telhas da cobertura do Vivaldão, que foram doadas para a reforma do estádio Gilberto Mestrinho, em Manacapuru (a 84 quilômetros de Manaus) e que, expostas ao forte calor e às chuvas amazônicas, se transformaram em criadouros para o mosquito da dengue, finalmente terão um novo destino. De acordo com o vice-prefeito da Terra da Ciranda, Jaziel Alencar, o material deverá ser leiloado.

Esta semana, o CRAQUE foi até Manacapuru para apurar a denúncia denúncia de que as telhas da cobertura do Vivaldão haviam virado tapumes de obras municipais e que partes das estruturas metálicas teriam sido utilizadas para construção de uma balsa do empresário José Furtado.

Nossa equipe comprovou que as telhas realmente estão servindo de tapume para a reforma da Praça XVI de Julho e também do prédio da prefeitura do município. Mas não encontrou nenhuma balsa construída com partes da cobertura do Colosso do Norte.

“Essa informação não é verdadeira, jamais cometeria esse erro. Trabalho com embarcações e alugueis de lanchas, sou um homem muito ocupado e sempre trabalhei duro pra conseguir tudo o que tenho hoje. Fiquei triste com toda essa polêmica envolvendo o meu nome”, disse José Furtado, negando que tenha construído uma balsa com o material do Vivaldão.

O vice-prefeito de Manacapuru, Jaziel Alencar, também confirmou a versão do empresário e disse que já sabe o que vai fazer com as estruturas metálicas e com as telhas do antigo estádio de Manaus.

Falta de recursos

“Essa doação (cobertura do Vivaldão) não teve o recurso necessário para ser reutilizada. Não vamos usar esse material para reforma do Gilbertão, que ainda não tem data para iniciar. Mas ao mesmo tempo, temos que retirar esse material que está do lado de fora do estádio o quanto antes. A solução para nos desfazermos dessas estruturas é fazer um leilão para arrecadar dinheiro para o nosso estádio”, comentou Jaziel Alencar – sem revelar a data do possível leilão com os “restos mortais” do Vivaldo Lima.

Além de Manacapuru e Manaus, 28 municípios do Amazonas receberam partes do Vivaldão. O gramado, assentos, catracas, a estrutura metálica e o telhado – em perfeito estado – foram doados para outros estádios.

Segundo Ariovaldo Malízia, administrador do Vivaldão na época, por conta de um pedido do prefeito de Manacapuru, Edson Bessa e pela posição e estrutura, o Estádio Gilbertão foi o único que apresentou condições de receber a cobertura.

Mas o município que fez tanta questão de ter uma das partes mais valiosas do Colosso do Norte foi o mesmo que deixou as estruturas metálicas e as telhas abandonadas e que só agora, após três anos, tomará uma atitude em relação à reutilização do material.

Reforma não saiu

Ao contrário do vice-prefeito de Manacapuru, que não soube informar a data do início da reforma do estádio Gilberto Mestrinho, o empresário Rafael Maddy, presidente do Princesa do Solimões – campeão Amazonense de 2013 – garantiu que as obras devem começar ainda este mês.

“A apresentação do Princesa está marcada para o dia 2 de dezembro. Por isso, precisamos que essa reforma do Gilbertão comece o mais rápido possível. Recebemos a informação de que as obras devem iniciar na terceira semana deste mês”, disse Rafael Maddy.

De acordo com informações da Secretaria de Estado de Infra estrutura (Seinfra), duas empresas devem apresentar esta semana, propostas com valores da obra. Depois deve ocorrer à escolha da empresa, a emissão da ordem de serviço e finalmente o início da obra. Ainda segundo a Seinfra, a previsão é que a reforma do Gilbertão comece na primeira semana de dezembro.

O estádio Gilberto Mestrinho receberá um novo gramado (prioridade na reforma), torres e refletores. Além disso, os vestiários, assim como a entrada e a saída também serão melhorados.

A queda do Colosso

Depois que Manaus foi anunciada como uma das sedes da Copa do Mundo de 2014, a primeira ideia do Governo do Amazonas foi adequar o estádio Vivaldo Lima para o Mundial. Mas em um segundo momento foi decidido que a melhor opção era mesmo levá-lo à demolição para dar espaço a Arena da Amazônia.

Poucas pessoas, como o jornalista Carlos Zamith e o fundador da Federação Amazonense de Futebol, Flaviano Limongi - que brigaram para que o estádio fosse inaugurado no dia 5 de abril de 1970 - se manifestaram contra a demolição do Colosso do Norte.

Não houve nenhum tipo de campanha para que o Vivaldão fosse apenas reformado ou para que Arena fosse construída em outra área de Manaus.

Então, em 2010, após 40 anos, o principal estádio da capital amazonense foi demolido.

Mas o gramado, as traves, assentos, estrutura metálica e o telhado do Vivaldão ainda estavam em boas condições de uso e por isso o Governo resolveu doá-los para instituições que realmente trabalhavam com o esporte.

Além do estádio do Sesi, em Manaus, e Manacapuru, mais 28 cidades receberam partes do Colosso do Norte.

Mas a terra da Ciranda levou a parte mais valiosa do estádio, a cobertura, que agora deverá ser leiloada.

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