falta de energia

Amazonas está no TOP-3 de Estados com as interrupções de energia mais longas do Brasil

De acordo com o levantamento, em 2022, as empresas extrapolaram o limite de tempo de queda de energia para 28,4% das unidades consumidoras, e de frequência de quedas para 11,4%

Amariles Gama
online@acritica.com
28/11/2023 às 17:54.
Atualizado em 28/11/2023 às 17:54

Cidadãos podem ficar até 49 horas sem luz, ao longo de 47 vezes ao ano (Foto: Reprodução)

No Amazonas, cidadãos podem ficar até 49 horas sem luz, ao longo de 47 vezes ao ano. É o que aponta um estudo divulgado pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), que revelou o desempenho das concessionárias e permissionárias no fornecimento de energia elétrica em todo o Brasil, de 2018 a 2022. 

O estudo também mostra o Amazonas entre os três estados que tiveram interrupções mais longas e frequentes em 2022, ficando atrás somente dos estados de Roraima e Amapá. A análise focou nos indicadores de interrupção de energia utilizados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel): o FEC (Frequência Equivalente de Interrupção) e o DEC (Duração Equivalente de Interrupção). 

De acordo com o levantamento, em 2022, as empresas extrapolaram o limite de tempo de queda de energia para 28,4% das unidades consumidoras, e de frequência de quedas para 11,4%. O Idec alerta que muitos desses limites são altíssimos, especialmente nas concessionárias que atendem a região Norte.  

Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins, além de Mato Grosso, no Centro-Oeste, são os estados com os maiores valores-limites para os indicadores. 

A pesquisadora do Programa de Energia do Idec e responsável pelo estudo Priscila Morgon Arruda, afirma que alguns valores são extremamente altos, sendo grande a tolerância para que a distribuidora deixe os consumidores sem energia.  

“Considerando a média dos estados, enquanto em São Paulo a interrupção do serviço pode ocorrer cerca de cinco vezes e somar, no máximo, seis horas por ano, um consumidor de Roraima pode ficar quase 50 horas sem energia ao longo de 58 vezes no ano”, criticou a pesquisadora.  

O estudo destaca, porém, que já existe um grande problema no estabelecimento dos limites para esses dois indicadores, que podem variar bastante a depender da localidade. Eles são definidos pela Aneel para cada distribuidora considerando vários fatores, como densidade das unidades consumidoras, o mercado de energia, a vegetação da área, o índice pluviométrico, entre outros. 

A Amazonas Energia, concessionária que atende o Amazonas, informou que a Aneel é a responsável pelas análises e definições das metas e que a agência deveria ser consultada a respeito dos resultados obtidos com o estudo, pois é o órgão que homologa e rege o sistema elétrico nacional. 

“Reforçamos que não é a Amazonas Energia que pode dizer se o indicador está adequado ou não à nossa realidade, isto compete a Aneel”, disse apenas.

O estudo considerou dados de 92 distribuidoras de energia do País, que atendem 87,9 milhões de unidades consumidores (UCs). Foram feitas análises nacionais e regionais no período de 2018 a 2022 da evolução do número de UCs ao longo dos anos e da quantidade de unidades afetadas pela violação dos dois indicadores coletivos da qualidade do serviço: o FEC e o DEC.  

Qualidade desigual 

De modo geral, houve redução da proporção de UCs afetadas pela violação do DEC limite nas regiões Centro-Oeste, Sul, Sudeste e Norte entre 2018 e 2022. Na região Nordeste, porém, ocorreu aumento no período de 2018 a 2021, com ligeira redução de quase 7% em 2022. Ainda assim, os números de unidades consumidoras afetadas pelo desrespeito aos limites se mantêm altos, já que mais de 24,9 milhões tiveram seu limite superado no ano passado, o que representa 28,4% do total. 

Já em relação ao FEC, houve redução da proporção de UCs afetadas pela violação do limite em todas as regiões brasileiras entre 2018 a 2022, sendo a região Sul a que apresentou a menor redução. Neste tópico, o desrespeito aos limites atingiram mais de 10 milhões de unidades consumidoras no Brasil, 11,4% do total. 

UCs afetadas pela violação do FEC limite por região 

Apesar da região Sul ser a que menos e a Centro-Oeste ser a que mais extrapola os limites de DEC e FEC, isso não significa que os moradores dessas regiões também sejam os menos e mais afetados por quedas no fornecimento de energia, respectivamente. Isso se deve aos diferentes limites permitidos a cada localidade. 

A duração média da interrupção do serviço pelas distribuidoras da região Centro-Oeste – que atendiam 6,9 milhões de UCs em 2022 – foi de aproximadamente 15 horas, e a frequência média, de sete vezes. As distribuidoras da região Nordeste atendiam 22,9 milhões de UCs e tiveram DEC médio de 13 horas, e FEC de cinco vezes.  

As distribuidoras da região Norte atendiam 5,7 milhões de UCs. Em média, quem mora nessa parte do país ficou 12 vezes sem luz no ano, somando pouco mais de 24 horas no total. Na região Sudeste, que conta com 38,5 milhões de UCs, a duração e frequência médias foram de 7 horas e quase quatro vezes, respectivamente. Na região Sul, com 13,7 milhões de UCs, o DEC médio foi de 10 horas, e o FEC médio, de aproximadamente seis vezes. 

A solução para combater essa desigualdade passa pela busca e compromisso das autoridades em fornecer o serviço público de energia com qualidade e de forma igualitária e contínua a todos os consumidores do país. Para o Idec, a Aneel deveria estabelecer uma meta nacional para os indicadores DEC e FEC.

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