Amazonino Mendes

Amazonino, 40 anos de política

Ex-governador morreu no domingo, no hospital Sírio Libanês, vítima de infecção pulmonar

Giovanna marinho
14/02/2023 às 08:00.
Atualizado em 14/02/2023 às 08:00

(Foto: Divulgação)


Político mais longevo e vitorioso  da história política do Amazonas, Amazonino  Mendes faleceu neste domingo, aos 83 anos, no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, por problemas pulmonares. O legado do ‘Negão’, como era carinhosamente chamado pelos amazonenses, continua vivo na mente de aliados, ex-aliados e opositores. 

Natural de Eirunepé, interior do Amazonas, Amazonino era advogado e empresário. Ele foi governador do Estado por quatro vezes (1987-1990; 1995 a 2002; 2017–2019;), senador (1991-1993) e três vezes prefeito de Manaus (1983- 1986; 1993-1994; 2009– 2012). Foi apadrinhado pelo ex-governador Gilberto Mestrinho, e a assim como o mentor, teve vários ‘pupilos’ ao longo da vida pública.  

Forjado pela escola política do ex-governador, o senador Omar Aziz (PSD) lembra com carinho das inúmeras caminhadas nas comunidades onde Amazonino comprava  tambaqui  para assar “no meio da rua” e distribuir para a população e era lá onde ele “gostava de estar: no meio do povo”.  Foi a acessibilidade dada à população  por Amazonino que, na avaliação do senador, o tornou  uma potência política, assim como sua visão de futuro como na idealização do Bumbódromo de Parintins. 
  
“Quando caiu o muro de Berlim, ele pegou músicos ucrânianos e búlgaros, trouxe para Manaus para fundar a filarmônica e ensinar os nossos jovens. Tanto que os primeiros cursos que a UEA teve foram de música. Quando reformou a vila olímpica mandou trazer os técnicos cubanos para fazer atletismo aqui”,  completou, Aziz recordando dos  40 anos de convivência com Amazonino Mendes. 

Mesmo em lados opostos da disputa política nos últimos tempos, Omar afirma que o diálogo sempre prevaleceu. O senador revelou ainda que compareceu a festa de aniversário de  Amazonino, em novembro do ano passado, e presenciou ele já debilitado  e ofegante, mas sempre buscando conversar sobre “o futuro do Amazonas”.  

“Ele dizia, Omar o poder é efêmero, os políticos são como girassol, eles olham para o poder como girassol olha para o Sol. Quem está no poder todo mundo se volta para ele, mas o povo não. O povo quando quer ti eleger ele vai eleger. Se ele pensar que você tem capacidade”, disse Omar, afirmando que “dificilmente alguém vai conseguir o feito  de Amazonino  ao longo da vida pública”.  

Um dos últimos aliados históricos a acompanhar Amazonino na eleição para o governo, no ano passado, o ex-governador José Melo (Pros), conta que conheceu o ‘Negão’ durante uma viagem para Tabatinga, quando ainda era delegado do Ministério da Educação. No retorno para Manaus, ele foi surpreendido com um convite para  assumir a Secretária de Educação.   
 
Melo lembrou de diversas obras realizadas por Amazonino. Em seu primeiro mandato, Mendes restaurou o Teatro Amazonas e  foi o primeiro governante do país a criar uma bolsa social, o 'Programa Direito à Vida'. Foi ele também que modernizou as obras no interior, com a construção do Centro Cultural de Parintins, o “Bumbódromo”, com capacidade para mais de 30 mil pessoas.  Amazonino construiu a Vila Olímpica, a Universidade do Estado do Amazonas dentre diversas obras estruturantes.

“O Amazonas era conhecido como o local que tinha um teatro. O Amazonino mudou isso. Ele não só construiu mais de 80% das escolas que existem no Amazonas, mais de 78% dos hospitais”, pontuou Melo.

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