Pesquisadores do SGB, Inpa e Defesa ressaltam que a baixa precipitação pluviométrica está abaixo da do ano passado e aponta para vazante rigorosa no segundo semestre
Em 2023, Manaus sofreu a maior seca em 121 anos (Foto: Rafa Neddermeyer / Agência Brasil)
O Serviço Geológico do Brasil (SGB) apontou nesta terça-feira (2°/04) que a cheia dos rios apresenta volume de chuvas inferior ao do ano passado. A Defesa Civil do Amazonas por sua vez destacou que a baixa precipitação pluviométrica preocupa por ser um parâmetro para a vazante no segundo semestre deste ano.
O pesquisador e meteorologista do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Renato Senna, informou que durante o acompanhamento para o prognóstico. “A condição da bacia nunca saiu de déficit”. Segundo o especialista, o motivo é que as precipitações de chuvas estão escassas e choveu de forma concentrada apenas em algumas bacias.
De acordo com o doutor em ciências florestais do Inpa, Jochen Schongart, as enchentes e estiagens já afetam cerca de 26% das áreas da Amazônia e que isso afeta diretamente a renda e a subsistência de grande parte da população amazônica.
Schongart aproveitou para alertar sobre a preservação e combate a crimes florestais na região. “Quando você tem uma camada florestal preservada, você tem uma estabilidade, mas com queimadas, desmatamento florestais começam a afetar essa camada e muda todo o ciclo hidrológico, que resulta no que estamos vivendo”, disse.
O pesquisador Gustavo Ribeiro, do Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam), explicou com gráficos que quase toda a extensão do Amazonas está com temperaturas acima do esperado.
A pesquisadora em geociências do SGB, Jussara Cury Maciel, mostrou que Manaus tem baixa possibilidade de enchente histórica. Sendo a probabilidade de superar a máxima de 30,02m registrada em 2021, somente de 0,02%. A pesquisadora classificou o atual momento como “Uma anomalia de chuva”.
Já os municípios de Itacoatiara e Parintins podem ter seca mais severa. Por serem uma região mais a jusante (rio abaixo) e ainda estão em processo de recuperação, a previsão é que os níveis vão ficar abaixo da normalidade. “A cheia vai acontecer ali, mas em menor magnitude”, afirma Jussara.
Apesar das estimativas serem sobre a enchente e período de chuvas, o secretário adjunto da Defesa Civil do Amazonas, Cloves Araujo, demonstrou preocupação com a estiagem.
O secretário informou, ainda, que apesar de não apresentar riscos, a enchente também está sendo monitorada, “Estamos acompanhando as 9 calhas dos rios, mas esse ano tem apresentado pouco volume de água e estamos acompanhando para complementar ações e dar assistência a população”.