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Cheia no Amazonas está na normalidade, mas baixo volume de chuvas preocupa

Pesquisadores do SGB, Inpa e Defesa ressaltam que a baixa precipitação pluviométrica está abaixo da do ano passado e aponta para vazante rigorosa no segundo semestre

Emile de Souza
economia@acritica.com
02/04/2024 às 15:32.
Atualizado em 02/04/2024 às 15:32

Em 2023, Manaus sofreu a maior seca em 121 anos (Foto: Rafa Neddermeyer / Agência Brasil)

O Serviço Geológico do Brasil (SGB) apontou nesta terça-feira (2°/04) que a cheia dos rios apresenta  volume de chuvas inferior ao do ano passado. A Defesa Civil do Amazonas por sua vez destacou que a baixa precipitação pluviométrica preocupa por ser um parâmetro para a vazante no segundo semestre deste ano. 

O pesquisador e meteorologista do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Renato Senna, informou que durante o acompanhamento para o prognóstico. “A condição da bacia nunca saiu de déficit”. Segundo o especialista, o motivo é que as precipitações de chuvas estão escassas e choveu de forma concentrada apenas em algumas bacias. 

“Nos últimos três meses as precipitações estão muito abaixo do que esperávamos para essa época do ano. Antes tinha uma maior concentração de chuva nesse período, mas com a estiagem do ano passado e o El Ninõ, a tendência é que as chuvas não compensem o que se perdeu nas bacias hidrológicas”, disse Senna.

De acordo com o doutor em ciências florestais do  Inpa, Jochen Schongart, as enchentes e estiagens já afetam cerca de 26% das áreas da Amazônia e que isso afeta diretamente a renda e a subsistência de grande parte da população amazônica. 

“Esse período afeta muito as rendas ribeirinhas, devido à subida e descida do rio, onde perdem muito na sua agricultura e pecuária. Nesse processo precisa da utilização de marombas e isso leva muito custo e já foram 9 eventos históricos relacionados e possivelmente pelo que mostra os acompanhamentos, eventos climáticos como esse estão cada vez mais recorrentes”, afirma Schongart. 

Schongart aproveitou para alertar sobre a preservação e combate a crimes florestais na região. “Quando você tem uma camada florestal preservada, você tem uma estabilidade, mas com queimadas, desmatamento florestais começam a afetar essa camada e muda todo o ciclo hidrológico, que resulta no que estamos vivendo”, disse. 

O pesquisador Gustavo Ribeiro, do Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam), explicou com gráficos que quase toda a extensão do Amazonas está com temperaturas acima do esperado.

“Tá chovendo? Tá chovendo, mas são chuvas pontuais em alguns pontos da Amazônia que tiveram chuva acima do esperado. O mapa mostra nessas faixas amarelas, que indicam temperaturas acima do normal e baixa precipitação de chuva”, disse o pesquisador.

Enchente

A pesquisadora em geociências do SGB, Jussara Cury Maciel, mostrou que Manaus tem baixa possibilidade de enchente histórica. Sendo a probabilidade de superar a máxima de 30,02m registrada em 2021, somente de 0,02%. A pesquisadora classificou o atual momento como “Uma anomalia de chuva”.  

Já os municípios de Itacoatiara e Parintins podem ter seca mais severa. Por serem uma região mais a jusante (rio abaixo) e ainda estão em processo de recuperação, a previsão é que os níveis vão ficar abaixo da normalidade. “A cheia vai acontecer ali, mas em menor magnitude”, afirma Jussara.  

Estiagem

Apesar das estimativas serem sobre a enchente e período de chuvas, o secretário adjunto da Defesa Civil do Amazonas, Cloves Araujo, demonstrou preocupação com a estiagem.

“Como Defesa Civil, a baixa precipitação de chuva é preocupante, pois isso afeta os rios e na vazante temos problemas com comunidades isoladas. Quando os rios estão cheios, chegamos em qualquer lugar do estado, mas na vazante há um isolamento e no momento a cheia não nos preocupa, mas a vazante sim, pois essa falta de chuvas vai resultar em problemas com água potável, comunidade isolada, falta de abastecimento, falta de transporte já que nosso meio de transporte são os nossos rios”, disse o secretário adjunto da Defesa Civil.

O secretário informou, ainda, que apesar de não apresentar riscos, a enchente também está sendo monitorada, “Estamos acompanhando as 9 calhas dos rios, mas esse ano tem apresentado pouco volume de água e estamos acompanhando para complementar ações e dar assistência a população”.

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