desaparecidos no vale do javari

'Justiça por eles, suas famílias e suas lutas!', reagem familiares, amigos e colegas de Bruno e Dom

Após surgimento de corpos, manifestações cobram aprofundamento das investigações do caso e justiça

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15/06/2022 às 23:08.
Atualizado em 15/06/2022 às 23:08

Cartaz com as ilustrações de Dom Phillips e Bruno Pereira usado durante manifestação na sede da Funai em Manaus - 15/jun/2022 (Phil Limma/reprodução de arte de Cris Vector)

Familiares, colegas e amigos de Bruno Pereira e Dom Phillips se manifestaram após a divulgação do encontro de partes de corpos na região onde o indigenista e o jornalista desapareceram, no rio Itaquaí, no Vale do Javari, Amazonas, há 10 dias. Além da consternação pela provável morte dos dois, os tons são de cobrança por esclarecimentos sobre o caso e justiça.

Apesar da confirmação de que os corpos são do indigenista brasileiro e do jornalista britânico só poderá ser feita após perícia, a esposa de Dom, Alessandra Sampaio, divulgou nota em que diz que as revelações desta quarta-feira (15) põem fim à angusta de não saber o paradeiro do marido e de Bruno Pereira. “Agora podemos levá-los para casa e nos despedir com amor”, relata.

Segundo Alessandra, o caso não está encerrado. Agora, ressaltou ela, “se inicia também nossa jornada em busca por justiça”. “Espero que as investigações esgotem todas as possibilidades e tragam respostas definitivas, com todos os desdobramentos pertinentes, o mais rapidamente possível”, afirma.

A União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), entidade pela qual Bruno - servidor da Funai licenciado -  vinha atuando, segue a mesma linha. Em nota, se solidarizou com as famílias, agradeceu pelo empenho das equipes da PM local nas buscas, a cobertura da imprensa e ressaltou que “o caso não terminou”. “Nos solidarizamos com as famílias de Bruno e Dom, nossos parceiros, expressando o nosso pesar e profunda tristeza diante dessa perda. Para nós, povos indígenas do Vale do Javari, é uma perda inestimável”, destacou.

Em outro trecho da nota, a entidade afirma que: “(…) o assassinato de Pereira e Phillips constitui um crime político, pois ambos eram defensores dos Direitos Humanos e morreram desempenhando atividades em benefício de nós, povos indígenas do Vale do Javari, pelo nosso direito ao bem-viver, pelo nosso direito ao território e aos recursos naturais que são nosso alimento e garantia de vida, não apenas da nossa vida, mas também da vida dos nossos parentes isolados”. 

“(…) manifestamos nossa preocupação com a continuidade das investigações. Pelado e Dos Santos fazem parte de um grupo maior, nós sabemos. Manifestamos nossa preocupação com nossas vidas, a vida das pessoas ameaçadas (pois não era somente o Bruno Pereira), componentes do movimento indígena, quando as forças armadas e a imprensa se deslocarem de Atalaia do Norte. O que acontecerá conosco? Continuaremos vivendo sob ameaças?”, questiona a Univaja. 

“Precisamos aprofundar e ampliar a investigação. Precisamos de fiscalização territorial efetiva no interior da Terra Indígena Vale do Javari. Precisamos que as Bases de Proteção Etnoambiental (BAPEs) da FUNAI sejam fortalecidas”, complementa a organização.  

Manifestações

Alessandra Sampaio agradeceu a todos que se envolveram diretamente nas buscas, especialmente os indígenas e à Univaja. “Agradeço também a todos aqueles que se mobilizaram mundo afora para cobrar respostas rápidas”, disse em nota.

“Só teremos paz quando as medidas necessárias forem tomadas para que tragédias como esta não se repitam jamais. Presto minha absoluta solidariedade com a Beatriz (esposa do indigenista) e toda a família do Bruno”, encerrou a esposa de Dom.

No Twitter, o colega de Dom no jornal britânico The Guardian Tom Phillips também cobrou por justiça. Ele esteve nesta quinta no local onde os corpos foram encontrados. 

“Acabei de voltar do Rio Itaquaí, onde vimos corpos que se acredita serem de nosso querido amigo Dom e seu amigo Bruno recuperados da floresta tropical. Devastador. Uma indignação. Deve haver justiça para eles, para suas famílias e para as causas nobres em que acreditaram”, publicou o jornalista. 

Amigo de Bruno, Yura Marubo, advogado da Univaja, defendeu a responsabilização dos envolvidos. Em entrevista à TV A Crítica, à noite, ele declarou: “Que eles recebam uma punição exemplar para que esse tipo de crime não possa se perpetuar dentro da terra indígena”. 

“É triste ver um agente público que doou a sua vida para a proteção de uma terra indígena, peitando o crime organizado e organizações criminosas, apresentando todo esse trabalho para o governo, o que acabou lhe resultando em vários inimigos”, declarou, citando Bruno.

Saiba mais

Dois homens estão presos temporariamente como suspeitos de envolvimento no desaparecimento. Um deles, Amarildo Costa, o “Pelado”, foi quem levou os investigadores ao local onde os remanescentes de corpos humanos foram achados, assim como a lancha supostamente usada por Bruno e Dom. Documentos e outros pertences dos dois já haviam sido encontrados dias atrás. 

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