Empresário e especialista afirmam o alargamento da Efigênio Salles deve trazer novos gargalos no trânsito, mas em outro trecho
O trecho de alargamento da via segue até a entrada da avenida Via Láctea, que dá acesso ao conjunto Morada do Sol (Foto: Jeiza Russo/A CRÍTICA)
Visando melhorar a trafegabilidade na avenida Efigênio Salles, no bairro Adrianópolis, zona Centro-Sul da capital, a prefeitura de Manaus irá iniciar uma obra para alargamento da via, vindo desde o início dela até as proximidades da Tribunal de Contas do Estado do Amazonas (TCE/AM), que também irá ganhar uma passarela. Com estimativa de conclusão de dez meses, a obra está orçada em R$ 9 milhões, sendo R$ 350 mil dos cofres municipais.
No entanto, o anúncio do projeto tem causado preocupação para donos de empreendimentos naquela área. Isso porque com a realização do projeto, anunciado no início do mês de dezembro, parte destes locais serão desapropriados, dando lugar a novas faixas para a avenida.
Coordenador do Colégio Paraíso Infantil, Claudio Daniel Lira Correia (Foto: Jeiza Russo/A CRÍTICA)
De acordo com a Prefeitura de Manaus, a previsão de entrega do alargamento é pelo menos outubro deste ano. Serão 1.100 metros de uma nova via, que vai do viaduto Ayrton Senna à entrada da avenida Via Láctea, na Morada do Sol. Também está previsto as retiradas do semáforo e da passagem de pedestre naquela área, que é um dos 34 pontos de gargalo no trânsito da capital.
Segundo Claudio Daniel, mesmo que a obra tenha este propósito, ela acaba sendo inviável para os empreendimentos que estão naquela área, tendo em vista que a maioria dos locais irão perder estacionamentos, e outras partes a serem desapropriadas para a construção de novas faixas na avenida Efigênio Salles.
No caso da Colégio Paraíso Infantil, a obra de alargamento irá tirar o estacionamento do empreendimento. Com isso, a direção do colégio acredita em horários de pico – em que pais deixam e buscam seus filhos na escola - acabará fazendo uma fila dupla no local, criando ali um novo ponto de gargalo no trânsito da área, algo que ainda não existe ali, segundo eles.
De acordo com o especialista em trânsito Rafael Cordeiro, procurado pela reportagem de A CRÍTICA, ainda que a obra de alargamento possa ajudar na melhoria de fluxo na avenida Efigênio Salles, este não é o principal problema ao se analisar o projeto da via.
“Em um primeiro momento, a fluidez do trânsito tende a melhorar, porque ela [a via] recebe todo o fluxo da região Oeste da cidade para a região Leste, além de outras vias. Mas para resolver esse problema de fluidez esteja ligado ao semáforo nas proximidades do Tribunal de Contas, que sempre causa retenção e todo um prejuízo ao trafego. A questão é que toda a fluidez desse trânsito, com o alargamento, vai acabar resultando em uma nova retenção mais à frente. Ou seja, resolve-se um problema A, mas criasse um problema B”, opina o especialista.
Entre as ações da obra está a criação de uma passarela na frente do Tribunal de Contas do Amazonas, com a consequente retirada do semáforo no local, conhecido por reter veículos e gerar engarrafamentos (Imagem: Divulgação/Prefeitura de Manaus)
O principal problema apresentado pelos empresários daquela área, principalmente dos que residem nas proximidades do viaduto que dá início à avenida, é que o projeto de para alargamento da via lhes foi apresentado de forma abrupta, e sem qualquer possibilidade de negociação.
Por meio de nota, a Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seminf) afirma que o plano diretor de Manaus prevê o alargamento da avenida Efigênio Salles, mas que o projeto executivo ainda não foi entregue e, portanto, não houve nenhum tipo de avaliação de imóveis que possivelmente devam ser desapropriados para a execução da obra. Todas as informações estão disponíveis no Portal da Transparência da Prefeitura de Manaus.
“Valores a título de indenização ou desapropriação serão calculados após a entrega do projeto executivo, quando de fato teremos informações concretas sobre o impacto proporcionado em cada uma das desapropriações, de forma individual. O interesse público deve se sobressair ao interesse particular e, de nenhuma forma, a Prefeitura de Manaus vai prejudicar os proprietários de imóveis que devam passar pela desapropriação. A única meta nesse projeto de infraestrutura é desafogar o intenso tráfego de veículos no local e garantir a melhoria da mobilidade urbana”, afirma a Seminf.