TRÁFEGO

Alargamento de trecho da av. Efigênio Salles preocupa donos de empreendimentos afetados

Empresário e especialista afirmam o alargamento da Efigênio Salles deve trazer novos gargalos no trânsito, mas em outro trecho

Michael Douglas
online@acritica.com
24/01/2023 às 11:34.
Atualizado em 24/01/2023 às 11:34

O trecho de alargamento da via segue até a entrada da avenida Via Láctea, que dá acesso ao conjunto Morada do Sol (Foto: Jeiza Russo/A CRÍTICA)

Visando melhorar a trafegabilidade na avenida Efigênio Salles, no bairro Adrianópolis, zona Centro-Sul da capital, a prefeitura de Manaus irá iniciar uma obra para alargamento da via, vindo desde o início dela até as proximidades da Tribunal de Contas do Estado do Amazonas (TCE/AM), que também irá ganhar uma passarela. Com estimativa de conclusão de dez meses, a obra está orçada em R$ 9 milhões, sendo R$ 350 mil dos cofres municipais. 

No entanto, o anúncio do projeto tem causado preocupação para donos de empreendimentos naquela área. Isso porque com a realização do projeto, anunciado no início do mês de dezembro, parte destes locais serão desapropriados, dando lugar a novas faixas para a avenida.  

“A Seminf procurou a todos que trabalham nessa área para uma reunião, e quando chegamos lá simplesmente nos mostraram o projeto, que segundo eles é de 2016, estando completamente aprovado. Eles só disseram o seguinte: ‘a gente não veio aqui para tratar de projeto, porque ele já tá fechado, vamos tratar apenas sobre indenização’. Quando perguntamos se o projeto estava aprovado pelo Implurb [Instituto Municipal de Planejamento Urbano], eles não souberam responder. Como quem estava ali, em sua maioria, não topou a proposta sem ao menos discutir o projeto, resolveram suspender a reunião”, relata o coordenador do Colégio Paraíso Infantil, Claudio Daniel Lira Correia.

Coordenador do Colégio Paraíso Infantil, Claudio Daniel Lira Correia (Foto: Jeiza Russo/A CRÍTICA)

De acordo com a Prefeitura de Manaus, a previsão de entrega do alargamento é pelo menos outubro deste ano. Serão 1.100 metros de uma nova via, que vai do viaduto Ayrton Senna à entrada da avenida Via Láctea, na Morada do Sol. Também está previsto as retiradas do semáforo e da passagem de pedestre naquela área, que é um dos 34 pontos de gargalo no trânsito da capital.  

Empreendimentos

Segundo Claudio Daniel, mesmo que a obra tenha este propósito, ela acaba sendo inviável para os empreendimentos que estão naquela área, tendo em vista que a maioria dos locais irão perder estacionamentos, e outras partes a serem desapropriadas para a construção de novas faixas na avenida Efigênio Salles. 

No caso da Colégio Paraíso Infantil, a obra de alargamento irá tirar o estacionamento do empreendimento. Com isso, a direção do colégio acredita em horários de pico – em que pais deixam e buscam seus filhos na escola - acabará fazendo uma fila dupla no local, criando ali um novo ponto de gargalo no trânsito da área, algo que ainda não existe ali, segundo eles. 

“Porque temos também a questão da Amazonas Energia, que nos informou que esse alargamento saindo mesmo, a Seminf vai ter que derrubar todos os postes nessa extensão, e que a concessionária só poderá colocar novos postes com a obra já pronta. Ou seja, ficaremos dias, semanas, sem energia. Agora imagina uma escola sem energia por vários dias. Essa obra vai inviabilizar um monte de empresas”, opina o coordenador.

Outros problemas

De acordo com o especialista em trânsito Rafael Cordeiro, procurado pela reportagem de A CRÍTICA, ainda que a obra de alargamento possa ajudar na melhoria de fluxo na  avenida Efigênio Salles, este não é o principal problema ao se analisar o projeto da via. 

“Em um primeiro momento, a fluidez do trânsito tende a melhorar, porque ela [a via] recebe todo o fluxo da região Oeste da cidade para a região Leste, além de outras vias. Mas para resolver esse problema de fluidez esteja ligado ao semáforo nas proximidades do Tribunal de Contas, que sempre causa retenção e todo um prejuízo ao trafego. A questão é que toda a fluidez desse trânsito, com o alargamento, vai acabar resultando em uma nova retenção mais à frente. Ou seja, resolve-se um problema A, mas criasse um problema B”, opina o especialista.

Entre as ações da obra está a criação de uma passarela na frente do Tribunal de Contas do Amazonas, com a consequente retirada do semáforo no local, conhecido por reter veículos e gerar engarrafamentos (Imagem: Divulgação/Prefeitura de Manaus)

Projeto

O principal problema apresentado pelos empresários daquela área, principalmente dos que residem nas proximidades do viaduto que dá início à avenida, é que o projeto de para alargamento da via lhes foi apresentado de forma abrupta, e sem qualquer possibilidade de negociação.

O que diz a Seminf?

Por meio de nota, a Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seminf) afirma que o plano diretor de Manaus prevê o alargamento da avenida Efigênio Salles, mas que o projeto executivo ainda não foi entregue e, portanto, não houve nenhum tipo de avaliação de imóveis que possivelmente devam ser desapropriados para a execução da obra. Todas as informações estão disponíveis no Portal da Transparência da Prefeitura de Manaus.   

“Valores a título de indenização ou desapropriação serão calculados após a entrega do projeto executivo, quando de fato teremos informações concretas sobre o impacto proporcionado em cada uma das desapropriações, de forma individual.  O interesse público deve se sobressair ao interesse particular e, de nenhuma forma, a Prefeitura de Manaus vai prejudicar os proprietários de imóveis que devam passar pela desapropriação. A única meta nesse projeto de infraestrutura é desafogar o intenso tráfego de veículos no local e garantir a melhoria da mobilidade urbana”, afirma a Seminf.

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