Prejuízos financeiros e paralisação da produção foram os principais problemas enfrentados por empresas, segundo levantamento do Cieam
Unicoba relata ter sofrido um prejuízo de R$ 250 mil (Foto: Divulgação)
No Polo Industrial de Manaus (PIM) há 23 anos, a empresa do setor de iluminação Unicoba relata ter sofrido um prejuízo de R$ 250 mil após uma das plantas da companhia ter ficado por cerca de duas horas com a capacidade de energia reduzida durante um apagão nacional, nesta terça-feira (15).
Levantamento do Centro das Indústrias do Amazonas (Cieam) aponta que a interrupção do serviço causou paralisação de produção e prejuízos financeiros a mais da metade das 28 empresas consultadas pela entidade.
Diretor industrial da Unicoba,Flávio Fontanezi diz que a planta que produz lâmpadas LED precisou operar com uma capacidade reduzida de 25% durante a manhã desta terça-feira, mesmo com a companhia adotando ações emergenciais.
"Nós implementamos um gerador, porém, ele tem 60% de capacidade em relação à carga que precisamos, fazendo com que perdêssemos 25% do nosso resultado de hoje, o que se reflete em uma perda de faturamento de R$ 250 mil", disse ele para A CRÍTICA.
Além dos danos referentes à menor produção, a empresa ainda precisou gastar com a produção própria de energia por meio de um gerador movido a diesel. Segundo Flávio, o equipamento consome cerca de 20 a 25 litros por hora.
"Ainda tivemos paradas de equipamentos elétricos e eletroeletrônicos. São equipamentos de comunicação, de rede, que pararam de funcionar e quando a energia foi reestabelecida, eles não voltaram. Nós imprimimos os esforços para retomar a área produtiva, terminamos o turno e estamos trabalhando nesses equipamentos, para ver se retornam ao padrão, senão ainda teremos mais essa perda", acrescenta o executivo.
Logo após a queda de energia, o Cieam fez um levantamento junto a empresas da Zona Franca para obter o cenário de prejuízos. Das 28 companhias que responderam ao questionário, 96% confirmaram ter ficado sem energia. Para a maioria (39%), a interrupção durou de 4 a 6 horas.
Quase metade das empresas (42%) relatou ter precisado parar a produção no período. Já 27% delas apontaram ter tido prejuízos financeiros. Houve também perda de matérias-primas (para 15%), de equipamentos (8%) e gastos com combustível para gerador (8%).
Supervisora fiscal da Prolan Manaus, empresa do setor termoplástico, Karla Almeida diz que a empresa perdeu mais da metade (60%) da sua capacidade de produção durante as horas em que o apagão se manteve, o equivalente a um turno inteiro parado (são três por dia). A empresa fabrica chapas, folhas e tiras e está há 20 anos em Manaus.
Até a tarde desta terça-feira, a fábrica continuava operando com um gerador, mas que não dava conta de toda a necessidade da companhia. "Nossa produção ainda está funcionando por meio do gerador, um prejuízo, porque só conseguimos fazer funcionar uma máquina. A outra, que é a nosssa principal máquina, o gerador não suporta", disse ela, às 15h.
O Ministério de Minas e Energia (MME) informou que o governo irá realizar apurações internas do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Segundo a pasta, houve uma sobrecarga em uma linha de transmissão de energia no Ceará, o que fez com que o sistema colapsasse.
O ministro Alexandre Silveira pediu também ao Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) que a Polícia Federal e a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) investiguem as causas do apagão. Ele não descarta "falha humana ou até dolo", disse nesta terça-feira.