MANIFESTAÇÃO

Estudantes, professores e indígenas realizam ato em homenagem a Bruno Pereira e Dom Phillips na Ufam

O ato aconteceu no Centro de Convivência da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), localizado na avenida Rodrigo Otávio, Coroado, Zona Leste de Manaus.

Lucas Vasconcelos
online@acritica.com
21/06/2022 às 19:58.
Atualizado em 22/06/2022 às 09:26

(Foto: Mayane Lima / PPGAS-Ufam)

Estudantes, professores, pesquisadores, lideranças indígenas, ativistas e demais entidades se reuniram na tarde desta terça-feira (21) em um ato público para prestar homenagem ao jornalista britânico Dom Phillips e o indigenista Bruno Pereira.

O ato aconteceu no Centro de Convivência da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), localizado na avenida Rodrigo Otávio, Coroado, Zona Leste de Manaus.

Para o presidente do Colegiado Indígena do Programa de Pós-graduação em Antropologia Social (PPGAS), Jaime Diakara, o ato simboliza o clamor por justiça.

"Esse ato é muito importante para gente unificar coletivamente e pedir justiça e esclarecimento de onde está a política de Estado. O trabalho que Bruno e Dom estavam desenvolvendo será inesquecível. E esse trabalho levou à morte deles de forma brutal. Hoje estamos de luto, não de três dias, mas até que aconteça a justiça", pontuou Diakara.

Cobranças

Jaime Diakara destacou ainda que os povos indígenas do Vale do Javari sofrem com o "esquecimento" pelos órgãos públicos.

"O Vale do Javari ela precisa ser olhada de maneira diferente. Nós povos indígenas precisamos de esclarecimento do Estado. Quem mandou matar o Bruno? Quem mandou matar o Dom? Esse é o nosso clamor. Nós do colegiado indígena esperamos essa retorno para os povos indígenas", destacou.

Questionado pela A CRÍTICA, se Bruno Pereira desconfiava que poderia sofrer algum tipo de ataque, O líder indígena ressaltou que Bruno já havia sendo ameaçado de morte.

"Várias denúncias foram feitas pelo Bruno que hoje está sendo engavetado. Isso tem que ser revisto, tem que ser explicado de uma maneira concreta. Quanto mais você trabalha em prol a população indígena, você acaba se torna inimigo do Estado (sic). Ele já vinha sido atacado, ameaçado verbalmente ou por ligação anônima. Ele já sabia o que poderia acontecer com ele. Mas para ele o trabalho era importante, as vidas e terras indígenas eram importantes", acrescentou Diakara.

Grandes perdas

A antropóloga indígena Nelly Marubo, que era amiga de Bruno Pereira desde 2008, também esteve presente no ato. A pesquisadora relembra dos momentos em que passou com o indigenista.

"É uma perda muito grande porque o Bruno, além de ter sido funcionário da Funai, ele interagia com a gente, com os povos indígenas do Vale do Javari. Ele repassava ensinamentos para os jovens de como usar tecnologias, como mapear a terra indígena para que a gente pudesse monitorar possíveis invasões na nossa região", descreveu a pesquisadora.

Nelly contou também que um dos principais objetivos em pauta na luta dos povos indígenas é a segurança.

"[...] Que a gente tem essa perspectiva de proteger a terra, não é proteger para gente de forma egoísta, é proteger a terra de uma forma recíproca. Nós temos um local para chamar de nosso e esse local vai estar sob nossa proteção", concluiu.

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