SUCESSO NAS REDES

Jovem indígena do AM faz sucesso no TikTok com quase 2 milhões de seguidores

‘Cunhaporanga’, como é conhecida Maira Godinho, de 21 anos, acumula seguidores publicando vídeos curtos que explicam como é o dia a dia em uma comunidade indígena

Lucas Vasconcelos
07/10/2020 às 17:10.
Atualizado em 22/03/2022 às 15:59

(Foto: Reprodução/Instagram)

A jovem amazonense Maira Gomes Godinho, de 21 anos, sob o nome indígena Jūgoa, tem conquistado grande visibilidade na plataforma de vídeos curtos virais ‘TikTok’. Até o momento da publicação desta matéria, o perfil da “Cunhaporanga”, como ela é conhecida nas redes sociais, reúne mais de 1,8 milhão de seguidores. O perfil de Maira já conquistou, inclusive, o selo de verificação da plataforma. Prática impensável se o perfil comprar seguidores de sites como o Seguidores Comprar.

Em entrevista para A CRÍTICA, Maira conta que se sente muito feliz por ter conquistado esse alcance em pouco tempo de uso.

“Eu tenho muito a agradecer pelo incentivo e carinho de todos que me seguem. Estou muito feliz por ter sido verificada na plataforma do Tik Tok. Em especial ao ‘DinoSonso’, que sempre me dá várias dicas de como postar os vídeos e outros usuários também. Estou muito agradecida de coração. Vou continuar postando vários vídeos incríveis e pretendo crescer muito”, contou Maira, que conta inclusive com um filtro só dela na plataforma. O efeito de vídeo faz com que, ao gravar, o usuário fique com as pinturas faciais iguais as da jovem indígena. @cunhaporanga_oficial

Não preciso + pintar ❤️. Já somos 1.7M! Muito obrigada, amo cada um de vcs💕 ##tiktok ##tiktokindígena ##geraçãotiktok ##foryou ##viral ##tatuyosforever 🏹 ♬ som original - Cunhaporanga_Oficial

Em seus vídeos, Maira costuma mostrar como é a rotina da sua família que mora na comunidade Tatuyo, localizada na margem direita do Rio Negro, próximo a cidade de Manaus. A jovem relata os momentos de refeição com pratos típicos indígenas; de trabalho, na confecção de artesanatos, no manejo de agricultura, entre outras atividades diárias.

“Já sou formada no ensino médio. Ainda não possuo faculdade. Porém, eu ajudo os meus pais nas plantações, posso dizer que sou agricultora e artesã. A comunidade Tatuyo é um ponto turístico, cada família produz seu artesanato, vende e guarda seu dinheiro e aí quando precisar de alguma coisa só ir na cidade e comprar”, detalhou Maira. @cunhaporanga_oficial

Ela estava concentrada fazendo o artesanato. 🏹@poranguinha_oficial ##tiktok ##tiktokindígena ##foryou ##geraçãotiktok ##viral ##comunidadetatuyo ❤️ ♬ som original - Cunhaporanga_Oficial

Internet na comunidade indígena

Uma das principais dúvidas dos seguidores de Maira é sobre como ela possui conexão com a internet no local onde mora.

“Nós usamos os chips nos celulares, mas fica sem serviço o tempo todo. Meu irmão mandou instalar uma antena via satélite que é o roteador wi-fi, para isso temos que pagar um serviço mensalmente, dessa forma temos acesso às redes sociais. Nós também já temos energia elétrica na nossa região, então podemos recarregar os nossos aparelhos celulares. O problema é quando chove forte e caem galhos de árvore nos fios”, explica. @cunhaporanga_oficial

Responder a @kareyeduarda Aqui já passa a energia elétrica que vem da cidade Manaus. ##tiktok ##tiktokindígena ##geraçaotiktok ##foryou ##viral 🏹🏹🏹 ♬ som original - Cunhaporanga_Oficial

A mais velha de seis irmãos, Maíra conta ainda que além do idioma nativo e o português, também fala espanhol e o idioma dos pais.

“Eu nasci no Sítio Tainá Rio Vaupés, no município São Gabriel da Cachoeira. A partir deste município até a fronteira Colômbia-Venezuela-Brasil, existem mais 26 tribos diferentes, ou seja, mais 26 etnias diferentes. O meu pai consegue falar 14 idiomas e compreende mais outros idiomas. Assim como minha mãe que consegue falar 8 idiomas e consegue compreender ainda mais outros. Eu consigo falar o idioma do meu pai, da minha mãe, o português e o espanhol. Além do português, é muito comum o espanhol por aqui, pois habitamos na fronteira de dois países que tem o espanhol como idioma oficial”, ressaltou a Maira.

Maira com sua família. Foto: Reprodução/Instagram

Perguntas inusitadas

A jovem relata também que os vídeos que possuem maior repercussão são os que a indígena responde perguntas dos seus seguidores. Destes, o que ultrapassou a marca de 7,2 milhões de visualizações é o que Maira responde se as indígenas utilizam absorvente.

“Nós usamos absorvente normal. Antigamente, como não existia ainda esse costume, as moças e as mulheres tinham que ficar dentro de um quarto até a menstruação parar. Somente as senhoras mais idosas que cuidavam das moças dentro deste quarto, levando  água para se lavar e o tururi, que é roupa feita de casca de árvore. Hoje em dia é mais fácil já tendo o absorvente. As mulheres não precisam ficar presas dentro do quarto durante a menstruação”, relatou Maira.

Outra pergunta inusitada que Maira teve que responder foi de um usuário questionando se ela ainda se considera indígena por estar utilizando celular.

“Eu sou indígena, o celular que eu tenho, comprei com meu dinheiro. Com a venda do meu artesanato. Os indígenas tem todo o direito de adquirir novos conhecimentos através de novas tecnologias, se adaptar à nova modernidade e ter curiosidade em aprender mais. Não é por estar usando celular, usando roupas que vamos deixar nossos costumes e nossas culturas de lado”, destacou a indígena.

Assuntos
Compartilhar
Sobre o Portal A Crítica
No Portal A Crítica, você encontra as últimas notícias do Amazonas, colunistas exclusivos, esportes, entretenimento, interior, economia, política, cultura e mais.
Portal A Crítica - Empresa de Jornais Calderaro LTDA.© Copyright 2024Todos direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por