A luta pela água é diária e urgente
Na Amazônia, segundo a WWF, apresenta como “ameaça crescente” ao bioma amazônico a contaminação por mercúrio dos rios da região e estima que 1,5 milhão de pessoas sejam atingidas
(Foto: Silas Laurentino)
O dia seguinte ao dia Mundial da Água - 22 de março - tende a retirar de cena as mobilizações e manifestações em todo o mundo em defesa da preservação e conservação dos recursos hídricos no planeta.
Gradativamente, o tema é colocado noutra instância menos visível enquanto acontecem as lutas diárias pelo acesso à água em condição de consumo humano, contra a privatização das reservas naturais, os desvios de cursos de água e a contaminação de rios.
A proposta da Organização das Nações Unidas (ONU) que encerrou na sexta-feira (24) a Conferência da Água, é a constituição e realização da Agenda de Ação da Água, com participação de governos, das instituições e de comunidades locais de mais de cem países. A meta, revisada, é nos próximos sete anos alcançar o Objetivo 6 dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Os dados sobre acesso à água e à coleta de esgoto estão mais preocupantes e revelam que o mundo pouco avançou nessa área quando se coloca o princípio do direito humano à água. De acordo com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) 190 milhões de crianças não têm acesso à água e ao saneamento em condições adequadas.
Esse número refere-se a 10 países da África Ocidental e da África Central. Para a ONU, em todo o mundo são 800 milhões de crianças sem acesso à água e ao sabão. Quando são incluídos outros países, a realidade catastrófica explode. No Paquistão, 10 milhões de pessoas estão sem água potável.
No Brasil, são 10,6 milhões de crianças e adolescentes vivendo em condição de extrema pobreza (dados da Fundação Abrinq) e 100 milhões de brasileiros que estão fora do sistema de água potável e do saneamento. Estudos mostram que o cerrado brasileiro poderá perder 34% da água até 2050, se mantidas as regras atuais de exploração e manejo da área.
Na Amazônia, relatório divulgado em 2018, pela WWF, apresenta como “ameaça crescente” ao bioma amazônico a contaminação por mercúrio dos rios da região e estimava em 1,5 milhão de pessoas atingidas por essa contaminação.
Os indicadores de contaminação, por rios, como o Madeira, Tapajós e outros tantos e seus afluentes mostram que o quadro apresentado há cinco anos já preocupante se agravou profundamente e que o dia de lutar pela vida da água que é a vida de todos é todo dia.