É cada vez mais precária a qualidade de vida dos que vivem em Manaus e mais da metade dos municípios do estado
Por conta das queimadas urbanas e em municípios da região metropolitana, Manaus tem amanhecido encoberta por fumaça (Foto: Junio Matos)
Em meio a discursos oficiais carregados de sinalizações de compromissos na defesa do meio ambiente, o Amazonas permanece entre os cinco primeiros Estados com maior foco de queimadas. No dia a dia, cidades como Manaus, padecem com a poluição do ar e espessas camadas de fumaça além de elevada temperatura.
Em ouros municípios, é a seca dos rios. São 24 cidades em situação de alerta e, na prática, com a vida completamente alterada, algumas sofrem com falta de água em condições de consumo humano, de alimentos, destruição dos pequenos plantios e impossibilidade de pescar. Os pequenos e médios comerciantes igualmente vivem em dificuldades crescente diante da soma dos efeitos do quadro atual.
Neste mês de setembro, de acordo com dados atualizados até o dia 12, pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), foram registrados 4.127 focos de queimada. Essa situação em si comprova a dificuldade do agir para a prevenção e ou o descuido quase naturalizando em fazer valer a legislação. Falta, aparentemente, constituir uma base sólida envolvendo técnicos, recursos tecnológicos e financeiros junto a um plano de cooperação governo-comunidades com ênfase para a educação ambiental.
É cada vez mais precária a qualidade de vida dos que vivem em Manaus e mais da metade dos municípios. Não se olha com o cuidado necessário os vários fatores que afetam drasticamente o viver no Estado, por outro lado, a precarização é apresentada como referência da região acomodando a compreensão de que tem que se viver assim mesmo. No máximo aplaudindo migalhas que chegam e são anunciadas como grandes feitos personalistas.
Um segmento muito pequeno usufrui de melhores padrões de viver, com áreas de moradia bem cuidadas, boa iluminação, longe da falta de água, da energia elétrica, com segurança. Para esses, se a cidade-capital ou a cidade-interior estão desorganizadas, desestruturadas, ineficientes, pouco importa. Há um posicionamento de desamor pela cidade e pelo Amazonas, vistos como lugares de negócios.
Às vésperas de uma conferência mundial sobre mudanças climáticas e em meio a eventos regionais, nacionais e internacionais variados - como precursores da COP30 -, os discursos de fazer a lei funcionar, de construir e fazer um pacto pela ecossustentabilidade amazonense. O que se tem é o que está sendo mostrado pela mídia, as queimadas, a fumaça ocupando os espaços, adoecimentos, a seca, o desespero por não ter o que comer.