Segundo o IBGE, o Brasil conta atualmente com 1,7 milhão de indígenas, entre aldeados e os que foram absorvidos pela vida na cidade, mas que ainda se identificam com sua própria cultura
(Foto: Agência Brasil)
O Acampamento Terra Indígena (ATL), mobilização que, anualmente, reúne milhares de participantes de centenas de etnias segue a todo vapor na capital federal, inclusive com representantes do Amazonas. Em pauta, não apenas a demarcação de terras, mas o fim da controvérsia em torno do marco temporal e o desenvolvimento de políticas públicas efetivas para a população indígena. Na ponta da língua de cada liderança, está o artigo 231 da Constituição Federal: “São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens”. O movimento ATL é um apelo pelo cumprimento do mandamento constitucional.
Segundo o IBGE, o Brasil conta atualmente com 1,7 milhão de indígenas, entre aldeados e os que foram absorvidos pela vida na cidade, mas que ainda se identificam com sua própria cultura. Em mais de cinco séculos, os povos indígenas têm sido massacrados, humilhados e vilipendiados de diversas formas. Eles foram expulsos de suas terras, escravizados, mas ainda resistem. O Amazonas abriga parcela significativa dessas pessoas. São brasileiros que precisam ter seus direitos respeitados, incluindo o direito de viver na terra de seus ancestrais.
As atrocidades contra os povos indígenas continuam até hoje, tendo o suplício do povo Yanomami como um dos exemplos mais atuais. Expropriados de suas terras por garimpeiros clandestinos, expostos à fome, à doença e à privação de sua própria dignidade. A ação emergencial do Governo Federal pôs freios aos absurdos, mas não foi capaz de fazer cessar completamente os abusos. Ainda hoje os yanomamis convivem com a invasão de garimpeiros e com a violência que isso acarreta. Faz-se necessária ação mais enérgica do Estado Brasileiro, sob pena de responsabilização no âmbito internacional.
Os povos indígenas precisam ser reconhecidos, não apenas pelos governos, mas por toda a sociedade, como parte indissociável do País. A existência de culturas indígenas ainda tão preservadas no Brasil deveria ser motivo de orgulho nacional, mas a realidade não poderia ser mais diferente.