Falta mais informações sobre os passos seguintes pós-reunião e como essas ações estão sendo planejadas.
(Foto: Agência Brasil)
A estiagem 2024 no Amazonas é motivo de inúmeras reuniões. No dia 28 de maio, a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) realizou o Encontro do Sistema Brasileiro de Inteligência (Sisbin), na sede do Comando Militar da Amazônia, em Manaus, com a tarefa de discutir com representantes de órgãos locais, estaduais e federais visando definir ações para mitigar a estiagem anunciada nessa região.
Falta mais informações sobre os passos seguintes pós-reunião e como essas ações estão sendo planejadas. Embora difícil de ser praticada diante do atual cenário de guerrilha digital, a transparência sobre as atividades é necessária não apenas por ser exigência constitucional, mas pela perspectiva de avançar e envolver cada vez mais a maioria da população do Amazonas, toda ela, em grau maior ou menor, sujeita a repercussão da estiagem. Sabe-se que uma parcela dessas pessoas sofrerá impactos mais profundos no seu modo de vida e em suas atividades.
A memória mais recente remete à seca dos rios de 2023, a maior em cem anos, e muitas famílias buscam até agora meios para sair das dificuldades a que foram submetidas sem tempo de se recomporem. A estiagem sinalizada é mais um dado de possível agravamento dessa realidade, e, de qualquer maneira, um dano à saúde mental a essas pessoas já impactadas.
O plano de mitigação, o cuidado com a saúde é uma das questões básicas e envolve vários profissionais que deveriam ter sido mobilizados. Desde a grande seca dos rios, já deveriam agir notadamente nos municípios mais afetados.
Há um drama mantido sob silenciamento de uma camada mais pobre da população e é preciso reverter esse quadro, ter um agir mais rápido e bem planejado para enfrentar a realidade de sofrimento e de adoecimento de milhares de família. Os indicadores de pobreza e extrema pobreza no Amazonas não podem ser ignorados e sim transformados em perguntas para os governantes.
As eleições municipais deste ano também não podem ser o motivo para paralisar o debate e a tomada de posição quanto ao problema. De qualquer maneira, o posicionamento só acontecerá se houver cobranças às autoridades, pautas que tornem visíveis o dilema dessas pessoas, mobilização das comunidades e das organizações do movimento popular nas lutas que travam em defesa da dignidade e dos direitos humanos dessas populações.