EDITORIAL

Racismo até quando?

O racismo acontece em todo lugar, mas na Argentina costuma ser mais intenso que nos demais países sul-americanos.

acritica.com
09/06/2023 às 08:41.
Atualizado em 09/06/2023 às 08:41

(Foto: Reprodução Twitter)

O novo episódio de racismo envolvendo torcidas de futebol, durante uma partida da Copa Libertadores disputada na Argentina, mostra que o tema ainda está muito longe de ser superado. As manifestações racistas acontecem por um motivo simples: boa parte das pessoas é racista, simplesmente acreditam que a cor da pele de uma pessoa basta para caracterizá-la como melhor ou pior que outra. O racismo acontece em todo lugar, mas na Argentina costuma ser mais intenso que nos demais países sul-americanos. 

O caso ocorrido na Argentina também reflete, em certa medida, a evolução histórica do País, e o destino dado aos negros com o fim da escravidão por lá, em meados do século XIX. Historiadores relatam que, se no Brasil ocorreu ampla miscigenação, na Argentina foi bem diferente. O Estado adotou uma política de “branqueamento” populacional, os negros foram largados à própria sorte e sua participação no total da população, que chegou a um terço no início do século XIX, hoje é estatisticamente insignificante. 

Voltando à frequência estarrecedora dos episódios de racismo por parte de torcidas, é preciso que providências realmente sérias sejam tomadas. Uma alternativa é punir as equipes com perda de pontos. Em tese, os torcedores radicais teriam que se conter para não prejudicar a equipe que amam. Mas os próprios racistas também devem ser identificados, punidos e banidos os estádios. É triste, porém, ter que ressaltar que medidas assim combatem apenas as manifestações racistas, o racismo em si continua existindo, só as pessoas são compelidas a não manifestá-lo. 

O combate mais eficaz precisa ter a educação como arma. O debate a respeito do racismo e demais formas de preconceito deve fazer parte do conteúdo escolar. Se as crianças, desde cedo, forem estimuladas a perceber como o preconceito é errado, talvez, em algumas décadas, tenhamos uma geração mais evoluída e igualitária. É plenamente exequível em um país como o Brasil, onde, apesar de todo o racismo que vivemos todos os dias, mais da metade da população é negra. Na Argentina, a abordagem precisaria ser outra. O País esqueceu que negros ajudaram a construí-lo, precisa fazer as pazes com a história, admitir as atrocidades cometidas e envergonhar-se disso.

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