EDITORIAL

Resistência indígena

Neste momento, o povo yanomami tem suas terras invadidas, suas aldeias destruídas e suas crianças violentadas

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20/05/2022 às 07:20.
Atualizado em 20/05/2022 às 07:20

Neste momento, o povo yanomami tem suas terras invadidas, suas aldeias destruídas e suas crianças violentadas (Foto: Reuters)

A dívida que o País tem com os povos indígenas é impagável. São mais de cinco séculos de opressão, violência, genocídio e todo tipo de abusos. É inaceitável que em pleno século XXI, o Brasil conviva com uma situação tão séria como a que envolve os yanomamis. Há pouco mais de duas décadas, essa era a única população indígena ainda sem contato com a chamada “civilização”, sendo retratada pela mídia com um dos últimos povos realmente isolados do planeta. Hoje esse cenário mudou completamente. Neste momento, o povo yanomami tem suas terras invadidas, suas aldeias destruídas, suas crianças violentadas... Tornaram-se comuns as notícias sobre estupros de crianças indígenas dessa etnia, entre outros crimes hediondos cometidos por invasores, geralmente garimpeiros em busca de fortuna.

Atrocidades estão em pleno andamento, e a reação é nula, não apenas por parte do governo federal, ou dos governos estaduais, mas a própria sociedade reage da forma que sempre reagiu em relação ao martírio dos indígenas: há uma comoção superficial, que não se converte em ações efetivas em prol das populações agredidas. Ainda não é tarde. Mas algo precisa ser feito urgentemente para frear a violência.

A questão indígena precisa ser encarada como uma questão prioritária de Estado, e não apenas de governos. A inércia em relação aos indígenas, especialmente os yanomamis, que apenas recentemente iniciaram os primeiros contatos com a “sociedade civilizada”, deve ser interrompida. Mas como desenvolver respeito pelos índios e sua cultura quando toda a sociedade está imersa em uma consciência coletiva que os coloca como uma minoria que precisa se ajustar às demandas da maioria? – como tem sido há séculos, desde os primeiros contatos.

O Brasil ainda não perdeu a oportunidade de dar um exemplo para o mundo, mostrando algum respeito pelos indígenas, representados neste caso pelos yanomamis. A presença de garimpeiros, assim como a de quaisquer outros invasores, não pode ser tolerada. Instituições como a Funai não podem estar aparelhadas a ideologias de nenhum tipo, mas comprometidas com sua missão institucional de proteger os povos tradicionais. O País precisa reagir, enquanto há tempo, para não carregar, no futuro, a responsabilidade de ter sido conivente com o extermínio de uma das últimas frentes de resistência indígena.

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