Depois de dois anos sem o Festival Folclórico, o motor da economia de Parintins, moradores se reeinventam para lucrar neste ano. No caso do casal Luiza e Raimundo, eles começaram a produzir o 'Guiolé'
Luiza e Raimundo Machado passaram a fabricar picolés, que eles batizaram de Guiolé, em homenagem ao neto (Arlesson Sicsu)
Durante 15 anos, no mês de junho, os professores aposentados Luiza e Raimundo Machado alugavam a casa onde moravam, localizada uma rua depois do Bumbódromo, em Parintins, e iam dormir em uma sala de aula. Para complementar ainda mais a renda, o casal vendia blusas oficiais do Caprichoso na praça e faturava o suficiente para viver de forma confortável o resto do ano.
Era com o valor arrecadado na época do festival que eles também ajudavam a manter os estudos da filha, que cursava medicina em Manaus.
Com a chegada do neto, que passou a morar com eles, os professores passaram a não alugar mais a casa. Em 2020, decidiram investir em outro negócio: uma pequena fábrica de picolés. Até quem não conhece o município já ouviu falar do calor escaldante que faz na ilha.
Raimundo, que quando era mais jovem já havia trabalhado fazendo picolés, resolveu então investir, junto com a esposa e o filho no ‘Guiolé’, uma fábrica de picolés de sabores regionais e sem corantes que leva as iniciais do nome do neto, o Guilherme, de 4 anos.
Eles não esperavam, no entanto, que a pandemia de Covid-19 chegaria e mudaria os planos de todos, inclusive, impedindo a realização do festival por dois anos (2020 e 2021).
“Quando decidimos investir nos picolés, compramos máquinas, investimos em publicidade, não imaginávamos que a pandemia seria pra valer. Ninguém imaginava que duraria tanto tempo”, relembra Raimundo.
“Nós sempre tivemos essa veia empreendedora e como eu já havia trabalhado no passado e sabia mais ou menos como funcionava, fomos investir nisso. Mas como veio a pandemia, tivemos que dar uma pausa, meu filho que tocava junto com a gente foi estudar em Manaus e agora, em 2022, nós estamos voltando e apostando no negócio”, acrescenta.
O festival deste ano será para o casal uma espécie de ensaio de retomada. Por enquanto, com a tímida produção de 500 picolés a cada três dias, os empreendedores fornecem para mercadinhos da cidade e comunidades aos arredores de Parintins.
“Vamos fazer um teste para saber como será essa retomada depois desses longos dois anos sem o festival. Aí, conforme for, esperamos aumentar a produção do ano que vem para quem sabe termos nossos próprios carrinhos de venda de picolés pela cidade na época do festival”, adianta Luiza.