Crise no Garantido

Com gritos de 'fora, Antônio Andrade', conselho reprova contas do Garantido

Conselho fiscal da agremiação reprovou a prestação de contas do período de outubro de 2020 a 31 de agosto de 2021; emmeio a pressão pela renúncia do presidente

Waldick Júnior
waldick@acritica.com
10/07/2022 às 12:50.
Atualizado em 10/07/2022 às 12:50

Presidente do Garantido, Antônio Andrade, que acompanhou a reunião do conselho, saiu sem discursar ou falar com a imprensa após o encontro (Foto: Liam Cavalcante)

Em reunião com membros e associados, realizada na manhã deste domingo (10), o Conselho Fiscal da Associação Folclórica Boi Bumbá Garantido reprovou as contas da diretoria relativas ao período de 10 de outubro de 2020 a 31 de agosto de 2021. O parecer foi apresentado na sede do boi, em Parintins (AM), sob clima tenso entre os presentes, que se dividiam entre apoiadores e críticos à atuação gestão.

A previsão era que o parecer também fosse votado, mas um ofício publicado pelo presidente do Garantido, Antônio Andrade, na madrugada deste domingo (10), adiou a assembleia extraordinária de hoje para o próximo dia 31 de julho.

Andrade apresentou um ofício da Polícia Militar sugerindo o cancelamento por risco de segurança. Com isso, o encontro se tornou apenas uma reunião de associados, não sendo permitido seguir com o estatuto do boi que prevê a votação das contas. 

O presidente do Conselho Fiscal, Rozinaldo Carneiro, leu o parecer como forma de tentar acalmar os associados que estavam no local e exigiam pela realização da assembleia. Ao lado dele, estavam o presidente do Garantido e a diretora financeira, Ana Miranda.  

“Após a análise dos meses supracitados, foram detectadas algumas irregularidades, como a não apresentação do relatório de bens patrimoniais [...] também não foram apresentados contratos e recibos de serviços acima de R$ 1 mil [...] concomitantemente a isso, não houve apresentação das respectivas notas fiscais dos serviços de patrocinadores e dos prestadores de serviços. Vale a pena ressaltar que não foi apresentada [também] a relação de diretores”, diz o parecer lido por Rozinaldo.

O presidente do conselho ressaltou que na última sexta-feira (8), uma semana após o anúncio da assembleia de prestação de contas, recebeu da atual gestão do boi mais documentos relacionados aos gastos da diretoria, mas o tempo curto impediu a análise. “As solicitações que não foram sanadas [são] fluxo de caixa, relatório individual da presidência e dos diretores, que nos passado na sexta-feira, somente, [relativas a] 2021, diga-se de passagem”. 

No parecer, o conselho ressalta que solicitou mais de uma vez a documentação relativa à prestação de contas. Os comprovantes foram enviados em duas etapas. Em agosto de 2021 foram apresentadas as contas de janeiro a abril de 2021, e no mês de abril de 2022, os gastos de maio a agosto de 2021. A prestação de contas do ano passado foi finalizada pelo conselho dois meses antes do Festival de Parintins, ou seja, em abril. Mesmo com os documentos, as contas foram reprovadas.

Atraso
Ao final da leitura do parecer, a diretora financeira Ana Miranda pediu a palavra, mas os associados passaram a gritar “não” e “Fora, Antônio Andrade”, fazendo com que o presidente do Conselho encerrasse a reunião. Andrade, que acompanhou tudo, saiu sem discursar ou falar com a imprensa.

Em entrevista para a TV A Crítica, a diretora financeira afirmou que não houve qualquer ilicitude, e sim “reprovação por atraso” de documentos. Como disse o presidente do Conselho, não houve tempo para analisar as novas documentações apresentadas, para saber se há alguma irregularidade. 

“O parecer, como todo mundo viu, não tem nenhuma ilicitude. Fomos reprovados por desorganização, por não cumprir prazos, e o conselho fiscal está corretíssimo em fazer isso. E daqui para a frente, como estou a frente e sou técnica nessa área, não vai mais acontecer atrasos no encaminhamento da documentação para o Conselho Fiscal”, disse a diretora.

Crise histórica

O parecer do Conselho se soma à crise que o Boi da Baixa do São José enfrenta desde o Festival de Parintins deste ano, no final de junho. Na festa, o boi entrou na arena com apresentações consideradas “mornas” por torcedores, além de apresentar alegorias com aspecto inacabado. A escalada ocorreu após uma debandada de itens tradicionais do boi e o não pagamento de salários atrasados

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