Posição

CMA confirma que abrigou material de acampamento dentro de prédio militar

Segundo o Exército, o armazenamento de materiais fez parte das negociações para o esvaziamento do local

Waldick Junior
online@acritica.com
13/01/2023 às 17:56.
Atualizado em 13/01/2023 às 18:00

Agentes da Rocam/PM e Semulsp durante a operação de retirada (Foto: Gilson Mello/A Crítica - 09/jan/2023)

Após reportagem de A CRÍTICA, o Comando Militar da Amazônia (CMA) confirmou que guardou, por dois dias, equipamentos utilizados por bolsonaristas no acampamento montado em frente ao quartel. Segundo o Exército, o armazenamento de materiais fez parte das negociações para o esvaziamento do local.

“Esta [armazenagem] ocorreu como parte das negociações para que os manifestantes não mais retornassem ao acampamento, medida tomada em auxílio à Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM) para o efetivo cumprimento da medida judicial”, disse o CMA, em nota.

A reportagem questionou o Exército sobre quais materiais exatamente foram guardados e em qual local, porém, não obtivemos retorno  para essas perguntas. O CMA apenas confirmou que a aparelhagem foi recolhida no dia da operação, 9 de janeiro, e resgatada por bolsonaristas em 11 de janeiro - dois dias depois.  

Negociações

Em manifestação apresentada à Justiça Federal do Amazonas na terça-feira, a Procuradoria-Geral do Estado (PGE-AM) afirmou que o Comando da Amazônia não ofereceu reforço de pessoal para a operação de segunda-feira e negociou, individualmente, dentro do quartel, com os acampados. 

Sobre essas ‘acusações’, o CMA afirmou que participou da operação com efetivo em frente ao quartel, porém, houve um “desencontro” durante o momento das duas negociações que teriam ocorrido.

“Às 09h30 daquele mesmo dia, ainda durante a reunião [do gabinete de crise], conforme solicitado, foi realizada a primeira negociação com as lideranças da manifestação pelo Comando do CMA, em complemento e junto aos negociadores da Polícia Militar do Amazonas”, diz o Exército.

Em seguida, o Comando afirma que “em um segundo momento, houve a solicitação por parte dos manifestantes de conversar com o Comando do CMA. Nesse sentido, a fim de que as tratativas chegassem ao resultado buscado (desocupação do local sem o emprego de força e com o mínimo de dano colateral), o oficial negociador do CMA conduziu integrantes da manifestação à sala de Relações Públicas, para tratar do assunto”, diz a nota do Exército.

Contestação

O CMA contestou ainda a afirmação da Secretaria de Segurança Pública (SSP-AM) que, em ofício, afirmou que o Exército não disponibilizou efetivo para a operação.

“Durante todo o período de retirada dos manifestantes, oficiais do CMA estiveram presentes na entrada do CMA, em contato direto com o Secretário de Segurança Pública, bem como integrantes do Comando da Polícia Militar do Amazonas”, pontuou.

Decisão judicial

Em nota enviada à reportagem, o Comando Militar da Amazônia ressaltou que a decisão judicial que determinou o desmonte do acampamento bolsonarista em frente ao quartel não previa a participação do Exército na operação.

“A decisão judicial que motivou a ação das forças de segurança pública no estado do Amazonas não previu a participação do Exército Brasileiro na operação e nem este Comando Militar de Área foi informado judicialmente de tal ação. Destaca-se, ainda, que todas as solicitações realizadas pela Secretaria de Segurança Pública do Amazonas foram atendidas”, finaliza.
 A reportagem entrou em contato com o Ministério Público Militar do Amazonas (MPM-AM) para saber se cabe algum tipo de apuração a respeito do acontecido no dia da operação, em Manaus, porém, não obtivemos retorno.

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