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Entidade de Direitos Humanos cobra Justiça por indígena espancado até a morte, em Manaus

Tadeo Kulina, de 34 anos, morava na aldeia Foz do Acuraua, em Envira, e desapareceu ao trazer a esposa grávida para Manaus. Ele foi encontrado morto e causa foi espancamento

Amariles Gama
online@acritica.com
20/02/2024 às 20:42.
Atualizado em 21/02/2024 às 09:58

(Foto: Reprodução)

A Frente Amazônica de Mobilização em Defesa dos Direitos Indígenas (FAMDDI) emitiu, nesta semana, um manifesto de repúdio cobrando uma investigação sobre a morte do indígena Tadeo Kulina, de 34 anos, que foi espancado até a morte em Manaus. Ele morava na aldeia Foz do Acuraua, no município de Envira, e desapareceu em Manaus, para onde veio acompanhar a esposa grávida. 

De acordo com a entidade, o casal, que não conhecia a cidade e compreendia pouco o português, chegou à capital amazonense dia 1º de fevereiro. Sem o devido acompanhamento, segundo afirmou a organização indígena, eles foram encaminhados diretamente para a Maternidade Ana Braga, na Zona Leste da cidade.  

O desaparecimento de Tadeo foi dado no dia 13 de fevereiro. Dias depois, o corpo do indígena foi encontrado no Instituto Médico Legal (IML), tendo como causa da morte “espancamento”.  

“Seu rosto estava totalmente desfigurado, foi o que soubemos dos próprios parentes e não através dos responsáveis pela saúde indígena daquela calha Juruá, ou da maternidade”, destaca a nota de repúdio, que cobra informações e os responsáveis pelo crime.

Segundo a organização, várias informações estão sendo omitidas e algumas delas estão desencontradas. Até mesmo no Boletim de Ocorrência (B.O), registrado no dia 16 de fevereiro, não teria detalhamentos sobre o caso.  A entidade denuncia ainda a falta de cuidados necessários na transferência de indígenas para Manaus ou outra cidade. 

“Nossa indignação maior é que apesar de tudo isso, as assistentes sociais do Dsei Médio Solimões e afluentes passaram no grupo de o WhatsApp do próprio Dsei, que o indígena estava tendo alucinações, dando a entender que a culpa seria do parente, isso é um absurdo”, destaca outro trecho da nota.

Sem informações concretas, a entidade indígena questiona “Quem matou Tadeo Kulina?”. Na nota, a organização também prestou solidariedade ao povo Madiha Kulina e a todos povos indígenas vítimas de violência.  

“A FAMDDI reivindica que o assassinato de Tadeo Kulina seja devidamente investigado, os responsáveis diretos e por omissão de suas responsabilidades sejam identificados e a Justiça se realize diante da impunidade histórica que marca o ato de justiça sobre crimes cometidos contra os povos indígenas neste país e no Amazonas”, cobrou a entidade.
“A cidade de Manaus, onde vive a maior população indígena do Brasil revela-se hostil e racista para com os indígenas que nela habitam. Minimizar crimes como o de espancamento até à morte de indígenas, arrastar por anos os processos de investigação ou sequer implementá-los compõem o quadro da banalização e da omissão enraizados no e pelo Estado”, completou.  

A entidade afirma também que repudia a ideia propagada de que Tadeo seria culpado por ter sido morto, já que estava tendo “alucinações”, e exigiu respostas esclarecedoras, legais e legítimas sobre a morte do indígena.  

Por meio de nota, a Polícia Civil do Amazonas informou que o caso foi registrado na Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS), mas destacou que "mais informações não podem ser repassadas". 

A reportagem de A Crítica também questionou a Secretaria de Saúde sobre a morte do indígena, e aguarda posicionamento.

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