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Soltura de Colômbia representa risco para Vale do Javari, avaliam ONGs

Soltura de apontado como mandante do assassinato de Dom e Bruno, no Vale do Javari, ameaça diretamente a vida de colegas e amigos, indígenas e indigenistas, que permanecem na região, avaliam ONGs

Amariles Gama
online@acritica.com
25/10/2022 às 18:31.
Atualizado em 25/10/2022 às 18:32

(Foto: Reprodução/PF)

A soltura de Ruben Dario da Silva Villar, o "Colômbia", é uma ameaça à segurança dos indígenas e servidores públicos no Vale do Javari, e também para as famílias de Bruno Pereira e Dom Phillips. É o que considera a Observatório dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato (OPI), em nota publicada nesta terça-feira (25).

Colômbia é apontado como mandante dos assassinatos de Bruno e Dom. Por decisão da Justiça Federal do Amazonas, ele foi solto na última sexta-feira (23), após pagar fiança de R$ 15 mil. Ruben  estava preso desde o dia 8 de julho por portar documento ilegal, além de ser suspeito de chefiar uma quadrilha de pesca ilegal, na reserva indígena do Vale do Javari.

Para o OPI, a soltura de Colômbia aumenta a possibilidade de novas violências na região e ameaça diretamente a vida de colegas e amigos, indígenas e indigenistas, que permanecem na região. 

"A decisão da Justiça se soma à negligência do Estado brasileiro, que não tomou nenhuma medida para proteger as pessoas no Javari nem os territórios indígenas, mesmo depois dos bárbaros crimes que vitimaram Maxciel, Bruno e Dom", disse o OPI, ao destacar que vê com extrema a libertação do suspeito.

Ruben Villar possui dupla nacionalidade brasileira e peruana. Ele foi posto em liberdade provisória e será monitorando por tornozeleira eletrônica, devendo permanecer em Manaus. Ele também está proibido de deixar o país e entregou o passaporte à Polícia Federal.

"A decisão garantiu liberdade a um cidadão do qual a própria Justiça reconhece não saber a nacionalidade nem o nome verdadeiro, dada a multiplicidade de documentos que ele apresentou às autoridades brasileiras. A Justiça também reconhece o possível envolvimento dele com organizações criminosas que podem estar por trás dos assassinatos de Bruno e Dom. Reconhece ainda o risco de fuga de Villar e mesmo assim, determinou sua libertação", declara outro trecho da nota pública do OPI.

De acordo com o Observatório, há contradições entre os fatos do processo e as razões da decisão de soltura. Segundo o OPI, a Justiça chegou a reconhecer a dificuldade de monitorar um réu como Villar na região da tríplice fronteira, já que ele possui nacionalidade peruana.

"Fica evidente que a Justiça Federal resolveu assumir o risco de libertar um suspeito do qual não sabe o nome ao certo, o risco de atrapalhar as investigações e favorecer a impunidade, o risco de aumentar a insegurança no Vale do Javari, o risco para a vida dos indígenas e para as famílias de Bruno e Dom", destacou.


Em manifestação, o Ministério Público Federal (MPF) afirmou que a periculosidade de Colômbia está demonstrada e que sua manutenção na prisão era necessária para a própria continuidade das investigações. Conforme o Observatório, a decisão da Justíca Federal do Amazonas foi tomada contra a manifestação do MPF.

O gerente de isolados da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) e membro do OPI, Luiz 
Fernandes Neto, considera a decisão pela soltura de Colômbia desrespeitosa, absurda e ilegal. "Risco imensurável para as lideranças, para a família, para defensores de direitos humanos, defensores dos direitos indígenas e ambientalistas", disse Luiz, ao destacar que lamenta profundamente  a decisão.

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