SIM & NÃO

Indígena e petista, prefeito de São Gabriel critica atuação de ONGs na região

Clóvis Corubão (PT) acusou organizações não governamentais de “tutelarem” e imporem uma “ditadura” no município amazonense considerado o mais indígena do Brasil

Waldick Junior
waldick@acriica.com
27/07/2023 às 19:40.
Atualizado em 27/07/2023 às 19:40

Clóvis Corubão participou do podcast Sim & Não (Foto: Paulo Bindá)

Prefeito de São Gabriel da Cachoeira (AM), Clóvis Corubão (PT) acusou organizações não governamentais de “tutelarem” e imporem uma “ditadura” no município amazonense considerado o mais indígena do Brasil.

Em entrevista ao podcast Sim & Não, de A CRÍTICA, ele foi questionado sobre o que pensa a respeito da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que está em andamento no Senado e investiga a atuação dessas organizações na Amazônia. A CPI é comandada pelo senador bolsonarista Plínio Valério (PSDB-AM).

Corubão iniciou a resposta afirmando que antes a atuação mais forte no município era de padres até que houve denúncias de escravidão praticada por membros da igreja contra os povos indígenas da região.

“Depois veio a demarcação das terras indígenas e a maior parte desse recurso veio do internacional, onde o ISA [Instituto Socioambiental], ele que é o chefe do movimento indígena, injetou, e o governo federal [também injetou] uma parcela”, disse.
“Hoje a nossa área está demarcada, graças a Deus. Não tem garimpo, a preservação está intacta e hoje eles [ONGs] ficam preservando, tutelando o povo como uma ditadura e o povo fica nos bastidores se explodindo, querendo uma melhoria e eles não deixam se soltar”, critica.

Perguntado sobre quais melhorias exatamente as organizações impedem, o prefeito não citou casos específicos e buscou reforçar o argumento de ‘tutela’ por parte das ONGs.

“Eles têm seus soldados, os que decidem tudo sobre a vida dos povos indígenas. Não é o povo que decide o que quer. São eles que levantam o crachá e está decidido”, disse.

A reportagem pediu posicionamento do ISA e aguarda retorno.

Mineração

Defensor da mineração em terra indígena e orgulhoso do passado como garimpeiro, o prefeito petista é criticado pela principal entidade da região, a Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn), parceira do ISA.
 
Para A CRÍTICA, o gestor municipal afirmou que deixou a pauta do garimpo de lado para se alinhar ao presidente Lula (PT), um crítico da atividade ilegal, embora ainda defenda o que chama de ‘pequena mineração sustentável’.

“Em São Gabriel da Cachoeira não existe garimpo, desmatamento, o ambiente é intacto. E hoje, com o novo governo do presidente Lula, eu respeito, a hierarquia é maior, hoje é cuidar do meio ambiente, do bem viver, da floresta, do nosso povo e um dia isso vai acontecer [mineração em terra indígena]”, disse.

Ele negou que tenha levado a pauta ao Grupo de Trabalho (GT) dos Povos Indígenas, criado na transição do governo Lula. “Eu levei meus pedidos que o povo precisa, como água, energia, luz, tudo”, afirmou o gestor. 

Ele voltou a dizer que a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, o mandou calar a boca em uma das reuniões. “Outro dia ela falou ‘prefeito, você defende o garimpo e você está levando a conversa no Ministério de Minas e Energia’ e falei que minha pauta era outra coisa”. 

Confira a entrevista completa:

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