DECISÃO

Liminar da Justiça retira PL que autoriza empréstimo de R$ 580 milhões da pauta da CMM

Desembargador Lafayette Carneiro atendeu parcialmente a mandado de segurança impetrado pelo vereador William Alemão

Lucas dos Santos
política@acritica.com
15/04/2024 às 16:05.
Atualizado em 15/04/2024 às 16:05

(Foto: Arquivo/Robervaldo Rocha)

Decisão emitida pelo desembargador Lafayette Carneiro Vieira Júnior, durante o plantão do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJ-AM), provocou, nesta segunda-feira (15), a retirada de pauta na Câmara Municipal de Manaus (CMM) do projeto de lei que autoriza a Gestão David Almeida (Avante) a realizar empréstimo de R$ 580 milhões junto ao Banco do Brasil.

O pedido já havia sido aprovado em novembro do ano passado, semanas após a CMM rejeitar uma proposta de R$ 600 milhões. Contudo, uma mudança ocorrida com a aprovação da reforma tributária no Congresso Nacional passou a exigir que municípios dessem garantias específicas para o pagamento de empréstimos. O Ministério da Fazenda enviou um parecer para que a lei fosse alterada e desse como garantia 1% dos recursos do Fundo de Participação dos Municípios aos quais a capital tem direito. E a prefeitura reenviou o PL à CMM para ajustes.

Na decisão de Lafayette Carneiro, o magistrado aceitou parcialmente um mandado de segurança do vereador William Alemão (Cidadania), pedindo que o Projeto de Lei 069/2024 passe por todos os trâmites na CMM e atenda à Lei Orgânica do Município de Manaus (Loman). O vereador argumenta que a proposta modifica substancialmente a Lei 3.220, que autorizou o empréstimo.

“Eu respeitei quando a Câmara Municipal aprovou o Projeto de Lei em dezembro do ano passado, por entender que era uma decisão democrática, mas o Projeto voltou para Casa, eu decidi tomar essa atitude mais enérgica porque entendo que o erro não deve ser repetido e já que ele não cumpre a Lei Orgânica do Município, que determina quórum qualificado de dois terços de vereadores para aprovação, ou seja, 28 vereadores, eu achei pertinente a medida judicial”, explicou o líder do Cidadania.

A decisão determinou à Mesa Diretora da Câmara Municipal de Manaus que se abstenha de colocar em votação o projeto de lei até que ele cumpra com o regular processo legislativo, seguindo o Regimento Interno da Casa e a Loman - que determinam quórum qualificado - sob pena de multa diária de R$ 1.000,00, até o limite de 30 dias de multa. Durante a sessão desta segunda-feira, o presidente da Casa, vereador Caio André (União), informou a decisão judicial aos vereadores presentes. A Mesa Diretora leu o projeto, que acabou retirado da pauta da ordem do dia.

Motivação política

O vereador Raulzinho (MDB), um dos vice-líderes do prefeito David Almeida, afirmou à imprensa que vê como o impedimento da votação do ajuste do empréstimo um boicote político promovido por aliados de candidatos rivais do atual chefe do Executivo.

“A partir do momento das filiações partidárias, onde cada parlamentar desta casa decidiu o lado que estaria, está acontecendo isso. É só analisar: de qual partido o vereador [William] Alemão é? Tem candidato a prefeito”, disse em referência ao deputado federal Amom Mandel (Cidadania).

Raulzinho classificou a atitude dos membros da oposição como um boicote “não à prefeitura, um boicote à cidade de Manaus”, além de lembrar que David Almeida pagou empréstimos contraídos por gestões anteriores à sua, os quais teriam sido igualmente necessários para investimentos na capital.

Questionado se o atraso na liberação atrapalharia entregas em pleno ano eleitoral, o vice-líder ressaltou que “decisão judicial se cumpre” e que as procuradorias da CMM e do Município se posicionariam em favor da liberação do empréstimo.

“Se eu sou vereador e tiro o direito do prefeito trabalhar, estou prejudicando a cidade, quem vive aqui. Esse dinheiro é para investir. A partir do momento em que se coloca dinheiro na Prefeitura, vai gerar emprego, vai gerar renda, o comércio vai vender mais e além da população receber serviços. Se eu tiro esse direito, eu estou tirando tudo isso”, afirmou.

Sobre os argumentos apresentados por William Alemão de que o projeto não passou pelas comissões, o vereador afirmou que a proposta sequer foi deliberada e só passa para as comissões após deliberação no plenário.

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