Eleições 2022

Pendengas internas minam palanques de Bolsonaro e Lula no Amazonas

Pré-campanha dos dois pré-candidatos é marcada por brigas por espaço entre seus próprios aliados

Jefferson Ramos
jefferson.ramos@acritica.com
10/07/2022 às 08:05.
Atualizado em 10/07/2022 às 08:06

Ex-presidente Lula fez rápida passagem por Manaus, em março, quando se encontrou com aliados; Presidente Bolsonaro fez duas visitas à cidade, uma delas durante a Marcha para Jesus (Foto: Montagem em foto de Junio Matos/Divulgação)

Atritos entre aliados de Bolsonaro (PL) e Lula (PT) atrapalham a criação de palanques, no Amazonas, para os dois líderes das pesquisas de intenção de voto para a Presidência. Na campanha do atual presidente, a briga mais visível é protagonizada pelo prefeito David Almeida (Avante) e pelo pré-candidato ao Senado pelo PL, Coronel Menezes. 

Menezes chegou a agir para tirar o prefeito das discussões da redução do Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI) que prejudica a competitividade da Zona Franca de Manaus (ZFM).

“Sou uma ameaça política para várias lideranças. O prefeito sabe muito bem porque foi excluído da mesa, mas posso falar para a população que ele prometeu apoio ao presidente Bolsonaro, mas chamou para a sala de ‘negociação’ o senador Omar Aziz e o deputado Marcelo Ramos, inimigos do presidente”, declarou Menezes no final de março. 

Na época, o prefeito reagiu acusando Menezes de barrar o repasse de R$ 3 bilhões do governo federal para Manaus. Comparou o bolsonarista a Joaquim Silvério dos Reis. “Se nós não fôssemos tão boicotados, se as pessoas que dizem que amam Manaus não fossem tão desleais com a sua própria cidade, eu já estaria aqui anunciando, pelo menos, 5 mil moradias, muito mais recursos para nossa cidade. Se Manaus não tivesse tantos inimigos dentro de sua própria cidade, eu teria trazido pra cá mais de R$ 1,2 bilhão, disse David  no mesmo período.   
‘Nem converso’
Questionado sobre a candidatura de Menezes ao Senado, essa semana, pela coluna Sim& Não, o prefeito disse: “Nem converso com ele”.

No dia 29 de junho, no podcast da coluna Sim&Não Alfredo Nascimento, presidente estadual do PL, desautorizou Menezes a falar pelo partido no processo de escolha de nomes para vice-governador na chapa do governador Wilson Lima (UB).  

“Quem define isso sou eu. O presidente do partido sou eu”, afirmou Alfredo, ressaltando que a prioridade do partido, no Amazonas, é formar um palanque para a candidatura de Jair Bolsonaro. O presidente da República trocou o PSL pelo PL para tentar a reeleição.

No caso de Lula, petistas como o vereador Sassá da Construção Civil se recusam a marchar junto com o senador Eduardo Braga (MDB) que pode receber o apoio do PT nacional para disputa ao governo do Amazonas. O partido não  definiu que candidato a governo apoiará. Uma ala da legenda prefere o deputado Ricardo Nicolau (SD). A sigla porém vai ficar com a vaga de vice na chapa majoritária. 

“Eu quero dar um recado para os nossos militantes: senador, você não vai ter apoio da militância do PT. Você vai subir no palco só, porque nós não subimos no palanque com você”, disparou o vereador na sessão plenária de segunda-feira.

‘Votou contra’
Sassá disse que o senador  ignorou a  militância do PT e foi “lá em cima”  em busca de apoio - se referindo ao diretório nacional. “Votou contra os trabalhadores na reforma da previdência, votou contra os trabalhadores na reforma trabalhista e até hoje os trabalhadores estão pagando um preço muito caro. Ele é culpado pelo aumento da energia que ele foi ministro das Minas e Energia e agora vem pedir apoio do PT”, criticou o parlamentar. 

O vereador criticou, ainda, a postura de Braga durante o processo de impedimento da ex-presidente Dilma Roussef. "Ele é culpado também pelo impeachment da Dilma, agora com cara de pau vem pedir ajuda do PT. Quero dizer ao senador que quem tem votos aqui somos nós”, completou.

O presidente estadual do PT, deputado Sinésio Campos reconheceu que o candidato ao governo não sairá do PT e que o nome de Braga não está descartado.

Articulação nacional

Os partidos dos candidatos  ao governo do Estado, como é o caso do União Brasil (resultado da fusão do PSL com o DEM) do governador Wilson, possuem pré-candidatos à Presidência da República. O União Brasil lançou o deputado federal Luciano Bivar como pré-candidato ao Planalto.

Ao se filiar na sigla, o governador cuidou de conseguir um ‘salvo-conduto’ para pedir voto ao presidente Bolsonaro. Já o MDB de Eduardo Braga lançou a senadora Simone Tebet como uma outra variação da terceira via. O senador integra uma ala do MDB liderada pelo senador alagoano Renan Calheiros que prega o esvaziamento da candidatura de Tebet em prol do ex-presidente Lula.

Vaidade

Na avaliação do cientista político Helso Ribeiro, enquanto as convenções partidárias não confirmarem os pré-candidatos ao governo do Estado tudo o que for discutido ainda está no plano das especulações.

Ribeiro analisa que, no caso do PT, nomes como os dos senadores Eduardo Braga (MDB) e Omar Aziz (PSD) querem o apoio do partido por conta da popularidade de Lula. Para ele, a aproximação de ambos é feita de maneira “casuística”.

A respeito do apoio do PT amazonense ao senador Eduardo Braga na disputa ao governo do Estado ser decidido pelo executiva nacional do partido, Helso avalia que é uma “ingerência indevida”.

No caso de um palanque bolsonarista, Ribeiro afirma que para isso sair do papel é necessário resolver uma questão de vaidade entre Alfredo Menezes, Alfredo Nascimento e o deputado federal Capitão Alberto Neto (PL), bastante próximo do presidente Bolsonaro.

“Junto deles tem o Chico Preto que quer se apropriar desse legado bolsonarista. É um candidato que pode se apropriar de certa votação do Menezes. Porque os dois têm o mesmo perfil de eleitor”, analisou o cientista político.

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