SIM & NÃO

Reitor da Ufam defende exploração de potássio em Autazes

Instituição assinou Protocolo de Intenções com a mineradora Potássio do Brasil, em março

Waldick Junior
Waldick@acritica.com
04/05/2023 às 19:17.
Atualizado em 04/05/2023 às 19:17

Sylvio Puga concedeu entrevista para o podcast Sim & Não (Foto: Reprodução / You Tube)

Em entrevista ao podcast Sim & Não, de A CRÍTICA, o reitor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Sylvio Puga, defendeu a exploração de potássio em Autazes (AM). O empreendimento está judicializado desde 2016, por estar sobreposto a uma área habitada por indígenas do povo Mura. 

Em março, a universidade assinou um Protocolo de Intenções com a mineradora Potássio do Brasil para realizar ações voltadas a minimizar os impactos socioambientais na região. Há expectativa de que também sejam realizadas ações conjuntas de ensino, pesquisa e extensão ligadas ao projeto da Potássio.

"A presença da Ufam é a total garantia para as populações tradicionais que elas serão respeitadas, e é para isso que estamos lá, não estamos por outros motivos. Qual a visão que se tem? Conservacionista? Então ninguém vai fazer mais nada? Esse é o debate", afirmou o reitor.

Ele disse que a Ufam foi procurada em 2017 para tratar do tema e que a instituição realizou estudos de avaliação sobre o empreendimento. Questionado sobre se havia um 'contrasenso' em assinar o acordo  ao mesmo tempo em que a Ufam atua com indígenas, Sylvio Puga disse que não. A obra é criticada por parte do povo Mura. 

"Vou dizer o porquê não há contrasenso. Nos nossos estudos, nós defendemos os próprios indígenas. Eu já recebi na minha sala inúmeros indígenas a favor do empreendimento. Já recebi dizendo 'reitor, somos a favor e queremos a Ufam', então essa narrativa de dizer que eles são contra eu até escuto, mas digo, 'e aqueles que estiveram lá comigo são o quê?' indígenas", disse ele.

O projeto defendido pelo Governo do Amazonas, pelo vice-presidente Geraldo Alckmin e por parlamentares do estado é visto como um empreendimento importante para o país. O potássio é utilizado na produção de fertilizantes, cujo consumo no Brasil é abastecido, principalmente, por importações da Rússia e Bielorrúsia. 

"A pergunta é, para o futuro, nós queremos continuar importando fertilizantes? Já sabemos de quem vamos importar, porque no mundo só tem eles [Rússia e Biolorrúsia], ou queremos aqui, com toda a técnica, todo o cuidado ambiental, todo cuidado aos indígenas, fazer esse trabalho aqui?", questionou o reitor.

Por outro lado, o Ministério Público Federal (MPF), autor da ação que judicializou a obra, aponta que o projeto afeta três áreas indígenas em Autazes: uma demarcada (Paracuhuba), uma em demarcação (Jauary) e outra reivindicada pelos indígenas desde pelo menos 2003 (Soares/Urucurituba), segundo documentos da Funai.

Assuntos
Compartilhar
Sobre o Portal A Crítica
No Portal A Crítica, você encontra as últimas notícias do Amazonas, colunistas exclusivos, esportes, entretenimento, interior, economia, política, cultura e mais.
Portal A Crítica - Empresa de Jornais Calderaro LTDA.© Copyright 2024Todos direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por