Governador também anunciou assinatura de contrato de crédito de carbono na próxima semana
(Foto: Daniel Brandão/A CRÍTICA)
O governador do Amazonas, Wilson Lima (União), anunciou nesta segunda-feira (8) a liberação para exploração do potássio no município de Autazes pela empresa Potássio do Brasil. O insumo é utilizado na produção de fertilizantes, amplamente utilizados no agronegócio brasileiro. O termo de licenciamento ambiental foi entregue ao presidente da empresa, Adriano Espechit, durante cerimônia na sede do governo.
O chefe do Executivo estadual afirmou que empreendimento promoverá “qualidade de vida” para a população da região, como os indígenas do povo Mura.
“Essa é uma luta e uma conquista que não pertence ao governador Wilson Lima, não pertence ao nosso governo, pertence à classe produtora do Estado do Amazonas, pertence ao povo do Amazonas, ao povo de Autazes, à comunidade Mura, os indígenas Mura, que há muito esperando que dinheiro possa chegar ali, que qualidade de vida e empregos possam chegar no município de Autazes”, disse.
(Foto: Daniel Brandão/A CRÍTICA)
O governador também afirmou que os investimentos vão de encontro ao discurso adotado por sua gestão de que é necessário haver desenvolvimento regional sem abrir mão da preservação da floresta.
“São as florestas amazônicas que regulam o regime de chuvas no Centro-Oeste, onde o agronegócio floresce, onde a gente tem a maior plantação de grãos, o maior rebanho do país. E ninguém nesse planeta preserva melhor do que as pessoas que estão aqui. Agora não é justo que ao Amazonas [sobrem] apenas as restrições, os deveres e nada do direito de a gente também poder ter qualidade de vida. Não é justo que nós tenhamos a maior reserva de gás em terra do país e que a gente tenha inúmeras restrições para poder explorar. Não é justo que a gente tenha uma mina de potássio e a gente não possa explorar e o povo Mura não possa se beneficiar disso”, destacou Wilson.
O governador anunciou que na próxima semana irá assinar o primeiro contrato de crédito de carbono do estado do Amazonas. O projeto aprovado foi de R$ 200 milhões e na assinatura “já vai cair um PIX de R$ 30 milhões” para o governo do Amazonas.
“50% desse recurso inicial vai ser investido na própria comunidade, na RDS do Juma e na RDS do Rio Negro, os outros 50% serão depositados no Fundo de Mudanças Climáticas, voltado para estruturar o Ipaam, a Secretaria de Meio Ambiente, ações da Defesa Civil, salas de monitoramento”, concluiu.
O presidente da Potássio do Brasil, durante o evento, exibiu um vídeo institucional no qual afirma que o empreendimento foi desenvolvido exclusivamente em áreas de pasto já degradadas anteriormente, a fim de minimizar impactos ambientais. Durante a fase de pesquisa mineral, a empresa investiu cerca de 230 milhões de dólares.
(Foto: Daniel Brandão/A CRÍTICA)
Adriano Espechit destacou que o país é considerado “peça-chave” na segurança alimentar do mundo devido às grandes exportações do agronegócio e que a produção local de potássio diminuirá a dependência da importação do insumo, que chega a 98% do total utilizado nacionalmente.
“O nosso projeto vai tentar atingir o nível de 20% dessa necessidade. São cerca de R$ 5,8 bilhões que hoje a gente tem em termos de produto aqui, que serão produzidos em Autazes e no Amazonas. E a gente tem condições de aumentar isso para cerca de 50% com outros projetos que vão vir na sequência”, afirmou.
A empreitada da Potássio do Brasil prevê a construção de um porto na margem esquerda do rio Madeira, nas proximidades da vila de Urucurituba, e uma linha de energia elétrica que será conectada ao Linhão de Tucuruí, o qual integra o Sistema Integrado Nacional. O presidente também disse que o potássio produzido em Autazes será “o mais verde do mundo” por captar até 80% menos carbono que outros empreendimentos internacionais.
“A gente não pretende exportar [o potássio]. É um produto para beneficiar o Brasil. Ele ficará em solo brasileiro”, frisou Adriano.
Segundo a empresa, os investimentos previstos são de 2,5 bilhões de dólares, o equivalente a aproximadamente R$ 13 bilhões, dos quais R$ 1 bilhão já foi investido. Apenas na fase de construção da planta fabril, autorizada no evento desta segunda-feira, a previsão é gerar 2,6 mil empregos diretos em 4 anos e meio. Já na fase de operação, além dos 1,3 mil empregos diretos, devem ser gerados outros 16 mil indiretos. O uso de mão de obra local será de até 80%.