Saúde

Anvisa aprova uso de novo remédio para obesidade no Brasil

Os médicos Thales Schincariol e Rebeca Cavalcante explicam como o medicamento Wegovy funciona

Gabrielly Gentil
online@acritica.com
21/01/2023 às 17:30.
Atualizado em 21/01/2023 às 17:32

(Reprodução)

Considerada uma epidemia global, a obesidade é uma doença crônico-degenerativa e progressiva, definida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como o acúmulo anormal ou excessivo de gordura no corpo. De acordo com o estudo realizado pelo Atlas Mundial da Obesidade em 2022 e divulgado pela Federação Mundial da Obesidade, é esperado que o Brasil viva com quase 30% da população adulta com obesidade até 2030. 

Recentemente, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o uso do remédio Wegovy no Brasil, para tratamento da obesidade. No entanto, o medicamento ainda não está sendo comercializado no País, a previsão é para o segundo semestre de 2023. Enquanto isso, a endocrinologista e metabologista da Clínica Cavalcante&Cirino, Rebeca Cavalcante esclarece algumas dúvidas sobre a substância.  

“O Wegovy é um medicamento cujo princípio ativo é a semaglutida, um análogo sintético do hormônio GLP-1, que produzimos naturalmente no intestino quando comemos. A diferença é que o sintético se conecta melhor, e por mais tempo, aos receptores cerebrais onde esse hormônio atua. É um remédio injetável, via subcutânea, e de aplicação semanal, muito simples de ser usado em casa, mas que requer individualização de doses, indicação e acompanhamento para avaliação e ajustes por um médico capacitado”, esclarece a médica.

Ação

De acordo com o Dr. Thales Schincariol, médico especialista em emagrecimento, performance e bem estar, o Wegovy trata-se de uma medicação efetiva. Ele explica como o remédio age no organismo.

“Ele induz uma saciedade precoce, diminui o tempo de esvaziamento gástrico, ou seja, aumenta o tempo que o alimento fica no estômago, dando aquela sensação de saciedade por mais tempo. Ele aumenta a secreção do hormônio sacietogênico - nome dado na medicina para aumentar o tempo de saciedade – que é a insulina. Ele tem uma ação diretamente na gordura, fazendo a transformação da gordura branca, na gordura bege, que é mais disponível a geração energética. E, por fim, ele melhora a ação tanto intestinal, da absorção de alguns alimentos, quanto a entrada de açúcar e metabólicos da própria degradação da gordura, dos lipídios, no músculo”, destaca o profissional. 

Recomendação

A Dra. Rebeca ressalta que sua indicação em bula é para pessoas com IMC a partir de 30 kg/m2 ou maior que 27 na presença de comorbidades e alerta: “A semaglutida não deve ser utilizada com outros produtos que contenham a mesma substância ou outros análogos de GLP-1. Não é recomendada para grávidas ou pessoas que estejam amamentando e deve ser descontinuada pelo menos dois meses antes de uma gravidez planejada, devido à sua longa meia-vida”. 

Mudança de hábitos

“Não existe e nunca vai existir um tratamento onde não cobre a necessidade da mudança de hábito do paciente, que ele mude a alimentação dele, que ele mude o estilo de vida dele”, alerta, Dr. Thales. O profissional ressalta que a medicação é um remédio, logo, serve para remediar o problema.

“Assim, como eu já deixo claro aqui, que estudos mostram que a semaglutida só tem efetividade na perda de peso por 56 semanas, após isso, o paciente não vai mais perder peso. Então pra aquelas pessoas que pensam: ‘Ah, quero emagrecer 5kg para o carnaval, casamento, qualquer festa...’ e vai lá, toma dois meses, já perdeu oito semanas. ‘Ah, vou emagrecer agora pro Natal...’ e vai fazendo esses tratamentos esporádicos. Fazendo o uso indiscriminado, essa medicação logo perderá efeito e a paciente vai engordar independente da medicação. Ela não é um milagre, é um tratamento e deve ser prescrito somente por médico”, alerta, Schincariol.

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