Manifestação

Manifestantes que contestam resultados das urnas usam até a internet do CMA em ato

Os manifestantes começaram a se reunir em frente ao CMA ainda na madrugada deste feriado de finados

Cley Medeiros
02/11/2022 às 11:18.
Atualizado em 02/11/2022 às 22:07

(Foto: Clovis Miranda)

Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL), derrotado nas eleições de domingo, estariam utilizando a estrutura e equipamentos do Comando Militar da Amazônia para montar um protesto contra o resultado das urnas, que elegeu Lula (PT) para à presidência. Em nota oficial, o CMA nega que tenha autorizado colaboração com manifestantes.

Além de água, os manifestantes teriam utilizado internet disponibilizada pelo CMA, além de pontos de acesso à energia elétrica, para abastecer bateria de celulares, utilizados maciçamente para convocar novos apoiadores ao ato, que até o momento reúne pelo menos 700 pessoas, segundo dados da PM.

A reportagem recebeu relatos de que, pelo menos, 20 pessoas teriam sido ‘auxiliadas’ pela estrutura do CMA desde que o protesto iniciou sua aglomeração, ainda na noite de terça-feira (1º). Em um vídeo divulgado nas primeiras horas do dia, é possível ver pessoas sentadas ao redor da área de guarita, que possui tráfego restrito de pessoas e uso exclusivo para os militares, por se tratar de um ponto delicado para segurança e preservação do QG de comando do Exército. 

A organização de atos antidemocráticos foi desautorizada pelo próprio presidente Jair Bolsonaro em seu discurso na última terça-feira (1º), quando se dirigiu à nação. Logo em seguida, o ministro da Casa-Civil, Ciro Nogueira (PP), afirmou que o processo de transição de governo já foi iniciado, e avança nesta quinta-feira (3), com a nomeação de Geraldo Alckmin, vice-presidente na chapa de Lula.

Desde a derrota nas urnas, bolsonaristas insatisfeitos montaram bloqueios em rodovias e principais ruas de acesso de capitais e centros de produção e distribuição de itens essenciais, como alimentos e combustíveis. Apesar de uma determinação do Supremo Tribunal Federal para órgãos de polícia estadual e federal agirem, o Amazonas ainda registra bloqueios, que pode causar desabastecimento de comida e gasolina em regiões sensíveis no sul do Amazonas, que possuem infraestrutura mínima, e que dependem da circulação dessas mercadorias no setor produtivo.

Sem lideranças, o movimento reúne apoiadores de intervenção militar, utilizando a estrutura das Forças Armadas para pedir o retorno do regime que durou, no Brasil, de 1964 a 1988, quando foi promulgada a Constituição Federal. 

Soldados ouvidos pela reportagem sob condição de anonimato afirmam que se sentem assediados e constrangidos, pois os manifestantes ‘exigem’ reforço para uma eventual tentativa de golpe para desestabilizar instituições e ignorar o resultado eleitoral. 

CMA nega

Por meio de nota, o Comando Militar da Amazônia (CMA) negou que militares tenham colaborado ou permitido a utilização de equipamentos e estrutura da instituição militar por parte de manifestantes que pediram por intervenção militar em manifestações realizadas neste domingo (2), em frente ao quartel.

“Não houve nenhuma colaboração ou manifestação por parte do Comando Militar da Amazônia em apoio a qualquer manifestação. O nosso expediente se deu de forma normal”, afirmou em nota o CMA. 

De acordo com o CMA, o portão de acesso à unidade militar ficou o dia todo fechado, devido ao bloqueio dos manifestantes, e que a entrada de militares foi transferida para o prédio da 12º região militar e grupamento de engenharia do Exército Brasileiro, situado na mesma área militar.

Ainda de acordo com a nota, a instituição afirmou que existe a rede Wi-Fi disponível  no setor de comunicação, onde funciona a rádio Verde Oliva, mas que não autorizou o compartilhamento de qualquer senha de acesso. Conforme o CMA, não houve expediente no setor neste feriado. O CMA afirmou que não existem tomadas disponíveis próximas ao local onde os manifestantes estavam, no entanto, o relato obtido por A Crítica afirma que existem tomadas na área de guarita, e que elas teriam sido essas as utilizadas pelos manifestantes. 

“Nenhum militar tem autorização para abrir o portão para que alguém entrasse ou simplesmente entregar alguma água ou qualquer outra coisa. Não tem a mínima autorização. O bebedouro dos soldados fica a 100 metros do portão. Os soldados usam cantil para tomar água”, alega a instituição.
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