Em oito meses, apenas 161 pessoas buscaram a PrEP para evitar o HIV no Amazonas
Medicamento que inibe risco de contaminação em até 99% está em atividade desde janeiro de 2018, mas a procura ainda é baixa. Fundação de Medicina Tropical fornece remédio para populações chave 23/09/2018 às 15:35 - Atualizado em 24/09/2018 às 10:43
Em uma década, quase 5 mil pessoas foram registradas no Amazonas com o vírus HIV. No ano de 2016, a capital amazonense era a 4ª do Brasil com maior taxa de detecção de Aids: a cada 100 mil habitantes, 50 tinham a doença. Na tentativa de reduzir os índices que colocam o Estado em segundo lugar onde mais se morre pela doença, uma nova estratégia de prevenção, a Profilaxia Pré-Exposição (PrEP), está em atividade e inibe em até 99% o risco de aquisição do vírus no ser humano.
O medicamento responsável pela prevenção do HIV se chama Truvada, que é a combinação dos antirretrovirais fumarato de tenofovir desoproxila (TDF) e entricitabina. Desde o início das pesquisas iniciadas na Europa, cientistas já haviam notado a eficácia do medicamento para impedir a replicação do vírus, e consequentemente bloquear o surgimento da Aids. Em Manaus, a pesquisa começou há dois anos com pacientes selecionados para testes, mas só em 2018 a distribuição do medicamento recebeu autorização do Ministério da Saúde.
No Amazonas, a PrEP é acessada na Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado (FMT). Os interessados em participar do atendimento passam por uma triagem multidisciplinar a fim de identificar se o indivíduo se enquadra nos critérios de inclusão ou faz parte de um grupo com maior incidência.
“Na consulta o paciente passa por uma entrevista com enfermeiro e psicólogo para avaliação e aconselhamento e faz os testes rápidos para saber se é portador do HIV ou se não tem outra doença como hepatite, sífilis. Se o teste para HIV for negativo o paciente é avaliado pelo médico, onde recebe o reforço das orientações de práticas seguras e já sai com o medicamento prescrito para pegar na farmácia da fundação e começar o acompanhamento”, explicou a coordenadora do setor de Prevenção da Coordenação Estadual de IST/Aids/Hepatites Virais do Amazonas, Evelyn Campelo.
População chave
A triagem da PrEP verifica se as pessoas interessadas são populações chave, onde o risco de exposição ao vírus é considerado alto. Somente após este filtro a PrEP é iniciada, sobretudo porque o medicamento pode afetar os rins e o fígado.
Fazem parte deste grupo os gays, homens que fazem sexo com homens (HSH), profissionais do sexo, pessoas trans e quem possui relações sexuais com quem já convive com o HIV, chamados de casais sorodiferentes.
Para quem pratica sexo vaginal, o tempo mínimo para que o medicamento faça efeito é de 20 dias, mantendo seu uso contínuo, enquanto o anal é de aproximadamente 7 dias. O usuário passa por acompanhamento periódico, e dependendo da adesão ao tratamento e das práticas do indivíduo, o acompanhamento e uso do truvada será estendido pelo tempo em que a exposição ao risco existir ou que o enquanto o paciente desejar. A coordenadora destaca que é indispensável seguir o protocolo para alcançar o resultado.
“O paciente precisa ter boa adesão ao tratamento. Não podemos iniciar o tratamento e a pessoa não tomar a medicação corretamente, porque não vai fazer efeito. É necessário também incentivar o uso do preservativo para prevenir a sífilis, hepatites e outras ISTs que o medicamento não previne”.
Baixa procura
A Susam aponta que a distribuição por mês chega, em média, a 1.650 comprimidos no Amazonas. A oferta, entretanto, é muito maior que a demanda. De acordo com o Governo do Estado, de janeiro até agosto deste ano, apenas 161 pacientes utilizaram o truvada por meio da PrEP. O público mais atendido são os gays, seguidos dos casais sorodiferentes e os HSH. A Fundação de Medicina Tropical informou que ainda realiza levantamento da quantidade total de pessoas componentes dos grupos onde há maior incidência no Amazonas.
Campelo admite que a demanda seja pouca para a quantidade de comprimidos armazenados. Ela argumenta que o projeto ainda é uma novidade no SUS, e acrescenta a necessidade de disseminar sobre a importância do truvada para uma parcela da população que ainda não tem conhecimento.
Projeto de expansão
Outra dificuldade levantada pela coordenadora para a baixa demanda de usuários seria a localização da FMT, pois somente o órgão é liberado para realizar consultas da PrEP e consequentemente a distribuição do truvada. Questionada sobre o motivo de o trabalho ser fixado no local, ela argumenta que existem estudos para expandir a PrEP para as Unidades Básicas de Saúde até 2019.
A especialista reforça que o truvada não é a “cura” para a Aids, muito menos vem para substituir o uso do preservativo. “É tão bom quanto preservativo, mas nada nunca vai ser mais seguro que preservativo. É uma ajuda muito grande, é um reforço que veio pra ser realmente uma evolução nos métodos de prevenção".
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